segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Por Wilson Alves

Uma Conversa Sobre Fatos da Escola

Quando pensamos em Tecnologias na Educação, facilmente surge tácita tendência em incorrermos a um pensamento caracterizado predominantemente por ideais do tecnicismo. Isto é, a uma idéia de uso, apropriação e inclinação por parte do educando, da utilização das tecnologias para o seu uso e aprendizado exclusivamente pragmático no sentido estrito do termo, o que é verdadeiro, mas incompleto.
Refletir nas tecnologias educacionais implica em um movimento intelectual que transcende o caráter eminentemente manual dos anos 70 que marcou a educação brasileira. Importa também agregarmos à reflexão elementos contemporâneos, a saber, o aspecto da interdisciplinaridade e da solidariedade humana, a reflexão sóbria sob o conhecimento, a vivência prática do saber ser e do saber fazer. Em suma, sutilmente posiciona o aluno para a construção contígua com o outro. Traz ao educando a oportunidade da vivência do trabalho em equipe e a oportunidade de explorar a sua criatividade, o que é implicitamente aludido pela LDB 9394/1996 em todo o seu texto, com menção clara nos seus Art.2º e 35 II.
A educação não deve ser vista como um mero instrumento particionado, onde as disciplinas não encontram identidades recíprocas e intencionalidades comuns no aspecto sinergético que a sustenta. Quando os nossos jovens saem da escola e seguem em direção ao mundo do trabalho, é esperado desses estudantes que possuam uma íntima visão pró-ativa do mundo; uma visão crítica do meio social e do mercado produtivo e, por conseqüência, que incorporem em seu aprendizado um perfil que contemple flexibilidade profissional para adaptarem-se ao novo, ao inesperado e, numa perspectiva platônica, ao belo. Espera-se que tenham desenvolvido na escola uma capacidade de tomar decisões, balizadas em seus conhecimentos, em sua experiência escolar e extra-escolar, na altura e limites desejáveis e proporcionais às responsabilidades que lhe são próprias, considerando, portanto, idade apropriada e um equivalente grau de maturidade.
Talvez o leitor se pergunte por que essa temática encadeia o centro desse artigo. A razão é simples: cabe ao educador a responsabilidade de equalizar as bases do conhecimento a ser transmitido, compartilhado, mediado junto a seu aluno. Nesse teor, enquanto sujeitos em busca do saber, o professor precisa compreender as tecnologias como uma aliada importantíssima para a consolidação da interdisciplinaridade. D’outro modo, se vermos que o computador enquanto exemplo de uma tecnologia, entre tantas outras, não coaduna com uma pedagogia para Matemática, para a Física, para a Filosofia ou para a Língua Portuguesa ou outra disciplina qualquer, ou ainda, que o computador não possui a capacidade de ser instrumento para interação de
nenhuma forma para com o processo de ensino e aprendizagem, não seria exagero vislumbrar que viveremos um retrocesso à educação livresca, tautológica e reprodutivista – o que não comporta mais a um país como o Brasil tão ajustado às expectativas internacionais globalizadas. Logo, cumpre aos professores desprenderem-se de “padrões” que eventualmente os amarram e lançarem-se então a projetos de sucesso, de conquistas e descobertas. Nesse ínterim é sugerida uma tentativa de experenciar o uso das tecnologias para o processo educativo. Esse universo tecnológico é muito bonito de se viver, descobrir e utilizar. Através das possibilidades com as tecnologias, mundos outrora aparentemente prosaicos, ambíguos, contraditório às expectativas do século XXI se encontram e se ajustam. Na educação, o Ensino Religioso desenvolverá projetos interdisciplinares com a Biologia explicando reciprocamente sobre a Alma e o corpo. A Biologia, por sua vez, conversará longamente com a Língua Portuguesa que, por sua natureza hermenêutica, convidará a Matemática para um “cafezinho racional” bem ao gosto do mundo das exatas. A Sociologia chamará a Arte para profundas investigações a respeito dos mistérios da natureza, da Estética e das relações de Causa x Efeito no universo. Por fim, a Escola promoverá um diálogo interessante com a comunidade, com os pais, com os Amigos da Escola. Todos esses atores sociais envolvidos, o que deve ser permanente objeto de desejo e de trabalho da Instituição Escolar, culminará em direito e em fato com os propósitos da Constituição da República Federativa do Brasil que assegura a democracia ao país, bem como dará profundo sentido à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica, no que importa à construção da cidadania e dos direitos básicos à pessoa humana.
Professores, dinamizadores, gestores e comunidade escolar como um todo, o NTE - Núcleo de Tecnologia Educacional, idealizado e criado para colaborar na fundamentação desses princípios, mediado pelas tecnologias, no segundo semestre de 2009 continua com as suas portas abertas para trabalhar no processo de formação, capacitação tecnológica e acompanhamento escolar. Esperamos ao longo desse semestre a presença da sua escola em nossas oficinas e cursos. Esse é o nosso trabalho, essa é a nossa vocação.
Um bom retorno a todos os profissionais da educação básica e um forte abraço do NTE de Anápolis-GO.

Wilson Barbosa.
Professor Formador

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