sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por Wilson Alves



Esse texto compõe a Introdução do TCC apresentado pelo autor à Banca de Exame de Monografias da Especialização “Tecnologias na Educação” - PUC/RJ sob orientação da Profª Clarissa Fernandes do Rêgo Barros, cuja defesa oral aconteceu em 24 e 25 de Novembro do ano em curso, no auditório da Câmara Municipal Jayme Câmara de Goiânia. 
Em tempo oportuno o trabalho será apresentado na íntegra, cujo link estará disponível nesse Blog.
O Autor.
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A RELAÇÃO INTERPESSOAL NA EAD
 
A palavra alteridade, derivada do latim ‘Alter' - o esforço de se colocar no lugar do outro, constitui o princípio, a gênese do problema que será apresentado nesse TCC, de modo que o intuito é associar o conceito de alteridade ao caráter de planejamento de formação dos professores para o uso das mídias digitais, alterando dessa forma, possíveis estados emotivos tensos, em positivos.
Partindo dessa premissa, será construída com base nos pressupostos filosófico-clínico PACKTER (1997) uma proposta de trabalho que conduza a uma melhor articulação entre o professor e o aluno, no ambiente virtual. O problema da comunicação deficiente em ambiente EAD (Educação à distância) tem consequências graves, de modo particular, a possibilidade de evasão nos cursos em função de desmotivação, medo, fuga, perda de interesse, motivos os quais  interferem nas relações afetivas entre professores e alunos (XAVIER apud MORAN, 2005).
PACKTER (1997, p.45) no contexto da sua obra deixa implícito que toda relação humana, portanto, também a virtual, sugere a necessidade de uma aproximação do outro de modo mais próximo a compreendê-lo na sua singularidade, convergindo esforços em entender a forma genuína da pessoa em representar o mundo, as coisas, inclusive, o aprendizado e compreender também que toda pessoa possui uma epistemologia inata para lidar com o novo, nesse caso específico, com o aprendizado acadêmico via educação à distância. Assim, esse trabalho procura levantar uma revisão de literatura do que há escrito sobre os limites do aprendizado acadêmico nos ambientes virtuais e propõe colaborar na discussão do tema, de forma a incentivar novos estudos e futuras descobertas.
Considerando a grande expansão de cursos na modalidade de educação à distância no Brasil, desde cursos técnico-profissionalizantes, graduação e pós-graduação, torna-se necessário que seja feito uma abordagem bibliográfica voltada à coleta de dados e estudos da relação inter-pessoal dentro da EAD (Educação à distância), tendo em vista que uma relação fria e distante entre professor e aluno, pode acentuar as possibilidades de perda do conteúdo pedagógico como fruto do desinteresse causado pela apatia que se estabelece, quando não há proximidade efetiva entre as partes.
Nem todas as pessoas sentem que há uma relação segura, humana e próxima para cumprir com os objetivos pedagógicos propostos quando o único meio de comunicação é feita nos moldes da EAD (educação à distância), pois os recursos disponíveis para a troca de informações: e-mails, fóruns, gravação de áudio, links, bate-papo, podem, para algumas pessoas, passar a ideia de não envolvimento pessoal, de distância, que vai além da geográfica, como, por exemplo, relacionando a comunicação através desses recursos a problemas relacionados a atenção do professor, a diferenças de ideais e a problemas relacionados a afetação1. Os resultados diante dessas possibilidades é de que conteúdos importantes de um curso ou de uma disciplina, podem não ser assimilados a contento devido a interseção estabelecida ser frágil. Segundo PACKTER (2007, p.56) o problema da interseção negativa, entre outras possibilidades, pode ser decorrente de problemas epistemológicos, nesse sentido, um professor que sabe conhecer o estado epistemológico do seu aluno, terá muito a contribuir para a pedagogia2. Conforme a interseção estabelecida com o professor, o aluno da educação à distância pode aprender de forma mais fácil ou mais difícil. Quando há afinidades com o seu instrutor, quando a interseção é positiva, isto é, aquela que é subjetivamente boa a ambos, tende a se tornar mais fácil o aprendizado, por isso, essa interseção pode estar ligeiramente relacionada aos dados epistemológicos da pessoa, já que pode interferir diretamente no aprendizado. Essa afinidade é construída de acordo com a singularidade de cada um, sedimentando a relação afetiva que vai sendo experienciado ao longo do tempo de convivência.
A fim de desenvolvermos essas ideias minuciosamente, no primeiro capítulo “Alteridade, emoções e a relação Professor x Aluno”, como base teórica, será usada a fenomenologia como abordagem metodológica a qual norteará a pesquisa do trabalho alicerçado em um mecanismo de investigação que assegure descobertas de novos processos de relação nos ambientes virtuais, tendo por parâmetro as obras referenciadas, coadunando, dessa forma, quiçá, na colaboração para construir-se uma relação humanista na EAD, onde o humanismo significa, nesse contexto, uma aproximação que envolva o relacionamento afetivo e emocional como atividade-meio para se alcançar um fim último: a maturação do aluno frente aos desafios contemporâneos, entre eles, a formação ética; a construção da cidadania como um valor imprescindível que deve ser implícito em todo nível educacional; uma melhor relação no processo ensino x aprendizagem.
No segundo capítulo “Fortalecendo a relação professor x aluno no ambiente virtual”, o exercício da epistemologia na questão do aprendizado, a ênfase será sobre o modo como se deve respeitar o outro como ela de fato é, reafirmando a idéia contida no primeiro capítulo - a alteridade como um mecanismo para sedimentar a base do respeito ao próximo e, por consequência, alterando significativamente os dados epistemológicos da pessoa e interferindo na forma genuína de aprendizado do estudante da educação à distância, refletindo também, como já mencionado, na relação entre o professor e o aluno. Por fim, o texto voltar-se-á as ideias iniciais apresentadas no capítulo anterior, posicionando sobre as conclusões obtidas em torno das ideias principais, a saber, se as mesmas alteram para melhor os resultados da vivência do aluno no ambiente colaborativo de aprendizagem, demonstrada sob as bases de uma relação de respeito, ética e sensibilidade, chegando a um parecer final sobre as diferenças iminentes entre ensino presencial e ensino a distância, essa última, confirmando o seu caráter emancipatório e, posto em prática a visão humanista consagrada nesse TCC e articulada direta e indiretamente pelos autores de referência, aventar a possibilidade de instaurar uma comunicação bidirecional que conduza o processo ensino x aprendizagem a um dinamismo educacional atento as expectativas do país que se encontra em franco desenvolvimento.

Prof. Wilson Barbosa

- Filósofo Clínico 
- Especialista em Tecnologias na Educação

1 Afetação: ato ou efeito de afetar, fingimento, falta de naturalidade, presunção. Fonte: FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p.
2 Epistemologia ou teoria do conhecimento (do grego "episteme" - ciência, conhecimento; "logos" - discurso), é um ramo da filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento.
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