quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Por Wilson Barbosa


Um jeito meio esquisito para escrever do Natal

em 12 12 2012
 

E eu que vivi dizendo que não gosto de Natal: festas tupiniquins, enfeites, castanhas, vinhos, perus, chester e salpicão...

E eu que vivi tirando saro ao dizer que fazem um sem sentido do sentido do Natal;
E eu que n'uma arrogância intelectudebulóide, vivi boa parte dos Natais buscando recôncavos esquecidos para justificar a inquietude das ausências daquelas noites...

E eu que tudo isso vivi, esse ano me debruço sob o bem-querer das boas festas, dos vinhos e do champagne; Champagne escrita no mais legítimo tipo francês...

Eu agora para esse Natal, nada de me esconder por detrás das escrivaninhas em
devo-a-ção à textos embebidos de frases rebuscadas e pretensiosas...
Eu agora quero para o Natal, somente fazer valer a folia e brincar com o riso solto na cara...

Esse eu de agora? Ah... o eu de agora é somente nata-lizar com as crianças os presentes e as noites de luzes pisca-piscas da avenida principal, igualzinho às luzes natalinas das Avenidas principais de tantas cidades bem brasileiradas. Todos sabem que cidades bem brasileiradas tem que ter as Avenidas paulistas, ou as Anhangueras, ou as Brasis, ou as Tiradentes, ou Goiás...

Eu agora no Natal, quero tão somente beber com os amigos e fazer a devoção da meia noite com a família: devo-a-ção do jeitinho do homem simples do interior que tira o chapel em frente a catedral...

Eu a tempo, quero convidar a alegria do Cristo para festa e dizer: “fica aqui”!
Mas....aonde essa alegria do Cristo está?
Vou tentar dizer onde ela está... Acho que nas coisas mais singelas!

Eu que outro dia, dirigia passeando com a família na rodovia com vista bonita do horizonte rumo Norte, e eis que minha mulher dizia: “isso é felicidade. Simples assim, passear despretensiosamente a um lugar sem hora ”. Coisa atoa, não é? mas tem a tal alegria ai!

E eis eu que nem sei falar das coisas boas do Natal, tô aqui metido a escrever...justo eu que nem poeta sou... é que esse ano falamos sob tantas coisas ... que me atrevi a escrever também sobre esse dia...

Quem diria...em tempos idos gostava desse dia não, mas esse ano...  ah... esse ano tô mais Natal.
Nesse dia vou falar com Deus assim: obrigado!!! vai pra longe de nóis não.

Na Graça, feliz Natal Leitor... Até 2013.


Wilson Barbosa
Filósofo Clínico;

Especialista em Tecnologias na Educação
Técnico em Assuntos Educacionais do
IFTO - Inst. Federal do Tocantins,
Campus Porto Nacional


sábado, 1 de dezembro de 2012

Por Wilson Barbosa


PARA NÃO ENCERRAR: PERSISTINDO NO TEMA EAD

Leitores assíduos conhecem a insistência a qual empenho na necessidade de replanejamento de alguns aspectos próprios para o ensino a distância. Entre eles os cuidados necessários ao relacionamento com o aluno virtual que, em via de regra, possui pouca experiência com as tecnologias eivadas de projetos educativos modernos.

Para afirmar a consolidação da empatia em um contexto pedagógico, faço referência parafraseada à  ideia de Philippe Perrenoud (1999), o qual defende que além da cognição, são exigidos do aluno recursos emocionais, para lidar com competências basilares a fim de se desenvolver no mundo moderno. Nesse caso, alonga-se o raciocínio para levar o conceito de competências também para o uso das tecnologias no contexto de aprendizagem educacional.

Ao falar da importância da empatia no ambiente virtual, vale ressaltar que se trata também de administrar as próprias emoções, portanto, o conceito é amplo, pois a esfera que abrange o estudo das emoções na relação EAD (educação à distância) remete imediatamente ao modo como a pessoa-aluno administra em si e para si, o equilíbrio emocional. A saber, várias são as causas que impelem ou não à que a pessoa construa o equilíbrio emocional no bojo do processo de ensino x aprendizagem. Algumas delas:
  • pressão do tempo para a entrega de tarefas;
  • ansiedade por aprovação;
  • capacidade de se relacionar com o grupo (mesmo em situação de grupos virtuais);
  • temperamento genuíno da pessoa, outros.                                                             
Ressalta-se, entretanto, a eficácia da educação à distância a qual conta com inúmeros recursos com os quais o professor pode e deve aproveitar para amenizar riscos de descontrole emocional do aluno da EAD, inclusive, no momento da avaliação, pois, para o ato de avaliar, exercitar as várias possibilidades de se criar atividades avaliativas oferecidas pelos recursos tecnológicos, ampliam as oportunidades do aluno em se expressar, abrindo possibilidade para o papel da avaliação diagnóstica, elemento importante dentro da discussão de avaliação.

Saber ensinar no sentido exato do termo, implica em o professor saber escolher os melhores recursos de acordo com a situação. Nesse ínterim, implica também saber utilizar o método dialético para implantar a interseção. Não adianta o professor dominar o conteúdo, os recursos do ambiente colaborativo de aprendizagem, se não ter a habilidade de comunicar com o seu aluno usando os recursos audiovisuais que estão a sua disposição. Por outro lado, percebe-se que esses recursos são propagados e difundidos diuturnos nos meios de comunicação de massa, especialmente pela televisão, confirmando naturalmente a necessidade urgente de inseri-los na educação formal, mesmo em aulas presenciais, uma vez sendo realidade na sociedade como um todo. Um exemplo tácito é o professor que conta apenas com quadro e giz para ensinar biologia, quando um simples programa da TV aberta mostra em minutos, os segredos do corpo humano de forma tridimencionada, algo impossível e inimaginável àquele que conta somente com a tecnologia do giz e do quadro.

Tratar do caráter psicológico na educação a distância implica em abrir uma nova discussão, refletindo o quanto a presença de emoções saudáveis em sala de aula virtual podem colaborar para o crescimento do aluno. É preciso, portanto, pesquisar os melhores métodos interacionais que se adequem a essa perspectiva de tecnologia a serviço da educação a qual defendo. O método dialético, por exemplo, por abranger elementos da analítica da linguagem, capazes de variações maiores, pode adaptar-se a vários dos recursos de comunicação presentes nos moldes das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). A perspectiva de que a dialética abrange elementos da analítica não é sustentada em Aristóteles, a quem se deve a oposição entre ambas, mas encontra acolhida na junção de outros autores.

Em outro artigo coloquei e repito: cada vez mais o aspecto humano tem sobressaído ao aspecto da técnica e da forma. No alvorecer desse milênio, estudos das psicologias em geral, vêm despertando para a necessidade de valorização da saúde psíquica das pessoas, entendendo, inclusive, que quanto mais houver atenção aos aspectos emocionais, maior será o sucesso no empreendimento proposto. Essa tem sido quase regra nas corporações que buscam otimizar o processo de produção e desenvolvimento junto a seus colaboradores.

Com a expansão da educação pública brasileira onde deve ter como berço a valorização da pessoa humana, foram implantadas pedagogias que pretendiam atender os interesses da industrialização, mas com o advento da globalização, o foco passa a ser na pessoa. Com isso, re-criar espaços de convivência harmoniosos faz parte do processo de busca por resultados satisfatórios, fenômeno que deve ser refletivo pela escola brasileira. Não somos mais um país de pouca influência na economia mundial, por isso torna-se muito importante uma repaginada nos conceitos de formação dos nossos alunos. Com a elevação do nível de escolaridade brasileira, é inadmissível que os governos imponham arbitrariamente políticas públicas de educação que não atendam a aspectos de cognição do aluno em toda sua amplitude. Em face disso, as políticas de educação precisam caminhar lado a lado com estudos que forjam um caráter de respeito à singularidade da pessoa humana abrangendo seus aspectos físicos, emocionais, sociais, filosóficos e políticos.

Com os recursos tecnológicos em favor da educação, especialmente com a popularização da internet, através da EAD, definitivamente os velhos paradigmas educacionais que cerceavam a condição emancipatória na formação do indivíduo não subsistirão. Com a educação à distância, rompe-se os muros da escola e abrem-se fronteiras à experimentar pela primeira vez na história da humanidade a possibilidade de contato em tempo real, com as mais avançadas pesquisas e descobertas pedagógicas e científicas de todo o mundo.

O caráter do estudo da empatia no contexto educacional em plataformas virtuais, faz parte desse cenário de pesquisas, cujas, no Brasil, autores renomados, como Edgar Morim e Paulo Freire são referências próximas e distantes, dependendo da ótica que forem lidos. A partir desses autores e de pesquisas na área das Emoções, como os estudos e trabalho do filósofo gaúcho Drº. Lúcio Packter, o qual remonta uma leitura desde os pré-socráticos até nossos dias no intuito do entendimento aproximado da Estrutura de Pensamento da pessoa, fornece subsídio para também elaborarmos uma síntese dos pressupostos com o fim de adaptá-los à prática educacional onde prevaleça a alteridade como recurso de alcançar o indivíduo em seu estado de alma. Para esse fim, independe se em educação presencial ou não.

Assim, proponho que nos moldes da educação a distância seja possível estabelecer uma relação próxima ao aluno, conhecendo seu modo próprio de representar as coisas e o mundo, abrindo espaço intelectivamente para o aprendizado, pois os dados epistemológicos que esse apresenta no ato de aprender, ganham dimensões gigantescas, haja vista uma proximidade afetiva entre o professor e o aluno. Não é regra absoluta, mas bastante contundente.

A hipótese é que em breve haverá larga literatura que tratem da mesma questão ampliando significativamente os conhecimentos ínsitos a essa causa levando invariavelmente a uma melhor qualidade da educação brasileira, na modalidade da EAD.

E você, faz leitura diferente sobre esse assunto?
Fique bem!
 

Wilson Barbosa
Filósofo Clínico;

Especialista em Tecnologias na Educação
Técnico em Assuntos Educacionais do
IFTO - Inst. Federal do Tocantins,
Campus Porto Nacional

Referências

FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 28a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

PACKTER, Lúcio. Filosofia clínica propedêutica. Porto Alegre, RS: Ática, 1997.

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: ArtMed Editora, 1999.


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Por Wilson Barbosa


Outros Aspectos em Ambientes Colaborativos de Aprendizagem

Procurando adaptar o raciocínio apresentado segundo Packter nos escritos originais da Filosofia Clínica (Packter, 1997, p.9) para o universo da Educação à Distância em Ambiente Colaborativos de Aprendizagem, especificamente para a possibilidade de interseção entre duas ou mais pessoas, diferente do que já foi  tratado aqui (Princípios da Alteridade), compreende-se de início que a amizade (uma qualidade de interseção) em si, pode ser representada simbolicamente de modo onde duas pessoas ou mais se encontram existencialmente. O conceito de interseção é um tanto mais amplo, mas como conteúdo introdutório, é bastante registrar os encaminhamentos preliminares.

Há por exemplo possibilidades de choques estruturais[1], onde simbolicamente Maria está existencialmente próxima, ligada, mantendo de alguma forma vínculo com Francisco, mas não necessariamente por força das emoções (amor), mas influenciada, atraída, coagida pelos pre-juízos [2] existentes. Este é um exemplo simples e fácil.

            No caso de propostas de conteúdos para a EAD, os quais podem acontecer separados espacial ou temporalmente do aluno, torna-se mais complexa a veiculação da comunicação dos conteúdos, torna-se mais difícil a aferição de elementos que ligam os envolvidos, podendo com isso propiciar um ambiente de ambigüidade ou apatia na relação de amizade e proximidade entre professor e aluno, ou ainda, em funçao de diversas possibilidades, pode nada disso acontecer.

Em momentos de difícil compreensão de uma mensagem é quase factual que as pessoas compartilhem, no máximo, experiências aproximadas do verdadeiro sentido da mensagem em detrimento do que de fato devia ser: a informação pura. Essa é a tendência. No caso de ensino a distância, a escuta (ou a leitura); a busca da quietude para entender o modo legítimo do outro em aprender torna-se necessário, se levado em consideração as dificuldades encontradas no movimento da emissão da informação até a chegada e a compreensão do receptor.

Faz-se necessário também uma abertura ao modo próprio de expressividade daquele que ensina, algo que se detalhado parece sugerir um contra-senso junto ao que aprende, pois, se aquele que aprende tem um modo próprio para o fazer, aquele que ensina também tem o seu modo próprio de ensinar. Desse desacerto tratamos em artigos anteriores. Em aulas nos ambientes colaborativos de aprendizagem, essa aparente força contrária deixa de existir considerando a possibilidade de uso de mais de um recurso interacional que compõe as atuais plataformas de ensino a distância[3].

            Levando em conta o caráter propedêutico de estudos sob afetividade nas relações em ambientes colaborativos de aprendizagem, convém aventar sob o aspecto da inter-relação em meio aos recursos que dispomos para comunicar com o outro em EAD. Quando se inicia uma discussão em um fórum, quando se propõe a postagem de um ponto de vista, de uma questão, de uma opinião conforme solicitado pelo professor, questionamos o quanto conseguimos alcançar em termos de legitimidade intencional nos documentos postados pelo aluno, conforme os limites da sua semiose[4] e também da epistemologia exercidas em espaços virtuais.

Note que é importante oferecer recursos para que ele, o aluno, se expresse; é fundamental oferecer recursos com os quais ele possa exteriorizar seu entendimento da questão, porém, não restringido apenas em fóruns, mas também por meio de outras variáveis: diário de bordo, material do aluno, postagem de imagens, áudios, hiperlinks, gráficos, criação de slides, enfim, oferecer uma gama de oportunidades para a expressão, dessa forma, uma mesma questão pode ser e estar em sintonia com o melhor possível da semiose exercida pelo aluno. Desse parecer, depreende-se também que o aluno pode estar lá, do outro lado da sala em que o professor se encontra ou do outro lado do continente, não importa.

            É fundamental trabalhar o conceito da interação estabelecida e a qualidade dessa interação. BELLONI (1999) aponta esse conceito quando da diferenciação entre interação e interatividade:
 

É fundamental esclarecer com precisão a diferença entre o conceito sociológico de interação – ação recíproca entre dois ou mais atores onde ocorre intersubjetividade, isto é, encontro de dois sujeitos – que pode ser direta ou indireta (mediatizada por algum veículo técnico de comunicação, por exemplo, carta ou telefone); e a interatividade, termo que vem sendo usado indiscriminadamente com dois significados diferentes em geral confundidos: de um lado a potencialidade técnica oferecida por determinado meio (por exemplo, CD-ROOMs de consulta, hipertextos em geral ou jogos informatizados), e, de outro, a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina e de receber em troca uma ‘retroação’ da máquina sobre ele (BELLONI, 1999, p.58).

 
            A necessidade de um entendimento profundo sobre o parecer do autor é em função de que a partir da aceitação do conceito como verdadeiro, caberá ao tutor de pólo e a orientadores acadêmicos, planejarem os cursos com mais dinamismo apoiados sob os ditames sociológicos e então, alcançar menos evasão. Ademais, com maior compreensão sobre o fenômeno do aprendizado via ambiente colaborativo - registra-se que esses ambientes promovem também um novo ethos cultural na pedagogia, o modo como utilizar os recursos virtuais em caráter pedagógico contribui para a democratização do ensino. A interação professor/aluno toma um novo status com o ambiente colaborativo e ocorre a descentralização porque por um lado o aluno dimensiona as opções da própria expressividade usando diversos veículos pelos quais pode expor o que pensa, e com esse movimento, altera-se a estrutura verticalizada entre professor e aluno.

            A interseção entre duas ou mais pessoas, onde não há o processo segregador, hierarquizado, onde não haja uma mensuração que impele ou sugira poder, é possível. Com base em PACKTER (1997), de modo análogo e simbólico pode assim ser representado[5]

 * Clique sobre a imagem para ampliar

 

 
            Esse exemplo para entendimento da presença da não verticalização entre orientadores acadêmicos, tutores presenciais e alunos é aqui construído para atender as finalidades próprias ao modelo de ambiente colaborativo de aprendizagem e compõe apenas uma referência distante ao trabalho de Packter (1997), onde o contexto original é outro. Posto isto, o círculo índigo representa o orientador acadêmico, a cor lima o tutor presencial e o azul petróleo, o aluno. A idéia a ser transmitida é que todos estão em interseção contígua, não fazendo distinção hierarquizada, algo comum em um passado remoto onde havia uma escala vertical, i.é, aquele  em que o professor era o protagonista do papel de 'detentor' do conhecimento e os demais personagens envolvidos, meros receptores passivos. Ao contrário de transmitir a idéia de uma proposta educacional onde não haja limites ou distribuição de funções específicas, a interseção contígua denota um caráter democrático e participativo na educação, de modo que as informações fluam, e como resultado haja um aprendizado mútuo, pois o professor aprende enquanto ensina e o aluno ensina, enquanto aprende.

            Esse momento de crescimento do país que culmina também com o crescimento da educação à distância, traz na sua essência uma reciprocidade na relação da escola e aluno, formando um novo conceito de aprendizagem. Conceito esse que há efetivo envolvimento da pessoa humana, da construção da dignidade e da sensibilização para a solidariedade entre as pessoas. Todo esse aparato educacional é subjacente ao princípio da cidadania, que é devido pelas instituições acadêmicas, pelo governo federal com o apoio da comunidade a todo cidadão brasileiro. Essa participação contígua  especificamente nos moldes EAD atende em essência o apelo da LDB - Leis de Diretrizes e Bases 9394 de 1988, no seu Capítulo III, Art. 207, Inciso V: “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” porque as fronteiras entre sábios e ignorantes,  ricos e pobres, caem.

            Se a partir dos recursos midiáticos que são hoje introduzidos na educação brasileira responsáveis por garantir maiores oportunidades de acesso ao ensino superior como graduação e pós-graduação não for possível atrair e entusiasmar o aluno para a escola; se o professor não conseguir auxiliar o aluno para que este aprenda a ter disciplina para com os horários de estudos (inédito nessa modalidade de ensino); ou se o professor não tomar conhecimento das questões disciplinares com as quais o aluno encontra sérias dificuldades, sem dúvidas, sinaliza a necessidade de que se ofereça capacitação ao docente que endossa e abraça a essa metodologia de trabalho, pois, a EAD requer dos educadores uma constante atualização em matéria de novos aprendizados a fim de dar conta das expectativas exigidas no processo pedagógico afinados ao mundo da educação tecnológica, pretensa à suprir a falta de escolaridade ainda muito expressiva no país.

            Restringindo a visão sob o que é a função da alteridade nesse contexto e compreendendo a posição do educador que se vê em meio a algo inusitado, com grande parte ainda em devir[6], a saber, o uso das tecnologias modernas no contexto educacional, divagações tornar-se-ão comuns, pois compõem no atual momento, capítulos de estudos e de hipóteses por especialistas que debatem a questão. Entretanto, é sabido que a alteridade na nossa sociedade ainda é um desafio. (ver artigo “A relação interpessoal da EAD).

Não se conhece o outro por ela mesma em toda a sua essência, exceto exceções,  se conhece pelos olhos de quem observa. O desejo de compreender o outro é um desejo da cultura, e mesmo com as imperfeições, sem um mínimo da essência de alteridade, esse desejo cultural torna-se impossível. Portanto, no mundo da EAD, o conflito simbólico acontece o tempo todo. Quanto mais pessoas conectadas, maior as possibilidades de abrir campo ao conflito. A ética da alteridade se torna para nós, uma necessidade premente, o que inclui a relação interpessoal dentro da educação mediado pelas TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação.
           A você, um abraço na modalidade à distância!

Wilson Barbosa
Filósofo Clínico;
Especialista em Tecnologias na Educação
Técnico em Assuntos Educacionais do
IFTO - Inst. Federal do Tocantins,
Campus Porto Nacional


 
 
 
 


[1] Choques Estruturais: conflito entre dois ou mais tópicos componentes da Estrutura de Pensamento, objeto metodológico de colheita do acervo existencial da pessoa nos casos de terapias em  Filosofia Clínica.
[2] Os pré-juízos são verdades subjetivas da pessoa as quais vão prestar contas com as nossas novas vivências.
[3] Exemplo de plataformas: O Moodle, plataforma de software livre;  Eproinfo, espaço virtual oferecido pelo Governo Federal. Esses são exemplos de ambientes colaborativos de aprendizagem que possuem mais de um instrumento de comunicação entre o professor e o aluno, não restringindo, portanto, a uma única forma de comunicação. São exemplos de meios de transmissão da informação: áudio, texto, imagens. Fontes: <http://www.moodlebrasil.net/moodle/>; <http://eproinfo.mec.gov.br/> Acesso em: 13/09/2010.
[4] Nos ensinamentos da Filosofia Clínica, semiose são os veículos de comunicação da pessoa; o quanto segue de mim em direção ao outro no momento da comunicação. A Semiose compõe um Tópico da Estrutura de Pensamento. (PACKTER, 1997, p.61)
[5]O diagrama apresentado contendo a presença de um orientador acadêmico, um hipotético tutor de Pólo de um curso EAD, bem como um aluno da EAD, é uma criação própria para esse texto. Uma alusão ao trabalho de PACKTER, 1997.
[6] Devir em filosofia diz respeito a algo que está por vir, em potencial. Fonte: FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Por Wilson Barbosa


Documento[1].

Sistema Nacional de Educação Articulado ao Plano Nacional de Educação: Dermeval Saviani - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

Uma Dialética a Respeito


Trabalhar a conjuntura dos problemas refletidos por Dermeval Saviani acerca do Plano Nacional de Educação, remonta à problemas históricos da educação brasileira. A releitura em Saviani corresponde à proposta da idéia dos Universais em contraposição a propostas Separatistas na educação brasileira.

 (...) como se fossem coisas diferentes quando, na verdade, são apenas partes do mesmo sistema educacional em seu conjunto.

Em sua própria perspectiva, o autor passa a considerar os obstáculos que historicamente impediram a organização do Sistema Nacional de Educação em nosso país. Nesse contexto, apóia-se em quatro eixos de reflexão. Para fins de articulação e composição desse artigo, destaco dois eixos do documento, sendo, o A e C, respectivamente.

a) (...) Os obstáculos econômicos decorrentes da histórica resistência à manutenção da educação pública no Brasil;

c) (...) Os obstáculos filosófico-ideológicos, isto é, a prevalência das ideias ou mentalidades pedagógicas refratárias à organização da educação.

A partir desses elementos, fica subentendido que haveria de prevalecer apenas à responsabilização do Estado de Direito sob a educação brasileira, contrariando a idéia de sistemas de ensino. E como se houvesse postulados de sistemas diferentes para povos diferentes. Assim entendo!

Dos itens que destaquei, A e C, soam ambos bastantes relevantes. Quanto ao item A, considerando que em termos de economia do país e o quanto do PIB é destinado para subsidiar a educação em nosso país, resulta o entendimento de que o Brasil caminha a anos luz em investimentos, comparados a países que economicamente não são estáveis como o Brasil. Isso pode ser observado em países da América do Sul, e essa demanda reflete diretamente no índice de desenvolvimento da Educação Básica.
 
                                                                       Para Refletir
*Clique Sobre o texto para ampliar

Considerado o item B, igual ou mais grave, é o problema filosófico-ideológico. Com esse problema, tendo ou não uma margem plausível de aumento de recursos para a educação, o sistema continuará com graves problemas, uma vez que os ideais políticos serão anterior a aplicações desses recursos, o que pode comprometer seriamente o conjunto das matrizes formativas, quando não pautados em uma consciência coletiva atenta às reais necessidades do país.

Mas voltando aos “sistemas de ensino” faz lembrar o Professor e Senador Cristovam Buarque que, insistentemente defende no Senado a federalização da educação pública brasileira e demonstra em números sua ideologia, a qual afirma que com os anunciados 10% do PIB revertido à educação, seria possível um piso salarial do professor da Educação Básica no patamar de R$ 9.000,00. Utópico? -Talvez, mas pensemos a idéia a partir do meio termo do seu projeto. Na mesma linha, equaliza-se a capacidade do país em termos de investimentos tecnológicos, de modo particular, enfatizamos essa necessidade à Educação Especial, normalmente relegada ao esmero e ao esforço da própria instituição de modo quase independente, contando com a participação de uma parcela de professores idealistas que lutam pela causa, apensar das precariedades. A assistência governamental deveria ser kilometricamente maior.

Na articulação em Saviani, deriva do raciocínio original que homologar a soberania do Estado em detrimento da gradativa autonomia dos sistemas de ensino flutua sob quesitos muito sensíveis, embora na verdade, a melhor maneira de respeitar a diversidade (incluindo o setor da educação) dos diferentes locais e regiões é articulá-los no todo (p.384). Logo, articulá-la ao Estado também.

Ao olhar o Estado como legítimo vigilante da aspiração da sociedade, bem ao ponto da legitimidade essencial que esteve presente nos ideais do socialismo, haveria sim de ir ao encontro à coerência por semelhança ideológica.

Mas a história demonstrou que as materializações dos ideais socialistas ficaram apenas no plano teórico, e se vislumbrado essa idéia em um país como o Brasil o qual impera a corrupção e os interesses próprios empedernidos e cruéis, em detrimento do bem coletivo; se pensarmos a hermenêutica falaciosa da politicagem e o descaso da coisa pública, se observarmos a falcatrua, a falta de escrúpulos presentes nos Poderes brasileiros; a inércia política diante das necessidades urgentes, conclui-se que defender a autonomia dos sistemas de ensino, desde a escola do Ensino Fundamental até a Universidade, é um abrir de olhos para uma sociedade pretensamente democrática. Uma conquista que, de Lei e de direito, deve ser fiscalizada por toda a comunidade escolar, e não tragada por qualquer espécie de proposta.

Uma Lógica que Requer Atenção

(...) Em suma, deve-se fixar claramente as seguintes posições: a) Trata-se de construir um verdadeiro Sistema Nacional de Educação, isto é, um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação no país inteiro, com normas comuns válidas para todo o território nacional e com procedimentos também comuns visando assegurar educação com o mesmo padrão de qualidade a toda a população do país, (...).

Nesse ponto, consideremos o problema da diversidade cultural. O Brasil, devido sua extensão geográfica possui realidades que não são equivalentes entre todos os Estados da Federação. Para a União, cabe, a meu ver, a descentralização – caminho em parte, contrário à posição apresentada. Deve sim haver um único Sistema, mas com propósito de delegação de poderes e fiscalização. Uma sugestão é partir, nesse aspecto, dos particulares para o universal, isto é, partir das propostas de cada Estado da Federação em direção ao Sistema Único de Educação, o qual, por essência, deve assistir, subsidiar e convalidar cada sistema em proporção à realidade local. De outro modo, o governo via MEC, partirá de pressupostos apoiados em fórmulas prontas, incompatíveis ao multiculturalismo nacional.

Saviani é de notório saber ao apontar que a sociedade deveria vivenciar o Estado como sua, i.é, como algo seu. É em razão desse desinteresse social que vemos a todo o tempo a usurpação da coisa pública, uma vez que a sociedade não corrobora em termos de cuidados e fiscalização. Saviani trata através de uma exegese do texto, uma perspectiva de reformulação das metas para o próximo PNE, de modo a aglutinar todas as metas que sejam afins e, em determinados casos, excluir algumas.

Trabalhar com o real e possível é o caminho. Nessa linha, caberia aos Estados e Municípios encaminhar ao governo prioridades e demandas urgentes e, a partir daí, redimensionar os aspectos relevantes em educação e desenvolvimento do país, (sair definitivamente da perspectiva fordista) e concentrar esforços, agora sim,  em sistemas de educação, considerando que estes tem o poder de manter à elevar a nossa economia, a saber, poder de pro-jetar o Brasil em linhas de pesquisas e capacitar o país para o oferecimento de serviços tão desejosos para uma economia forte, especialmente o Brasil, que de muitas décadas é carente de qualificação de excelência, o que coloca em risco setores comprometedores e importantes para o crescimento econômico.

Sintetizando os problemas, argüimos que há a necessidade de que seja construído um novo PNE para o Brasil, regado às demandas do mundo contemporâneo, que é a formação integral da pessoa humana nos seus aspectos políticos, econômicos sociais e filosóficos, permeado aos princípios da ética e da moral. Só assim, construir-se-á uma via dupla onde prevaleçam os deveres sociais e contemplará concomitantemente a preparação da nação para reivindicar dos governos a palavra atualmente esquecida e que gosto de relembrá-la a cada oportunidade: a res-pública.

Reservo-me a comentar o autor, o qual é fidedigno enquanto articulista e pensador da educação brasileira, mas entendo também a livre expressão do pensamento como produto da construção humana, daí o texto. Entendo ainda, que a dialética confere a esperança de que juntos encontremos caminhos que avancem rumo a um país autônomo, forte e soberano no que tange à sua economia, sua educação e o bem-estar da sociedade, ainda que a dialética esteja passível a equivocidades e enganos pelo caminho.

Pensemos juntos!  

Cordiais Saudações,
 


Wilson Barbosa

Especialista em Tecnologias Educacionais;

Filósofo Clínico;

Técnico em Ass. Educacionais do

IFTO – Instituto Federal do Tocantins,

Campus Porto Nacional





 
[1] Nota: os comentários, análise das idéias do autor e opiniões particulares desse artigo tiveram como fonte o texto disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v15n44/v15n44a13.pdf

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Por Wilson Barbosa


FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

PARTE II

Caros Leitores, esse texto é um artigo de opinião, uma adaptação de postagem em fórum do curso de extensão em Educação Inclusiva na modalidade EAD, oferecido pelo IFB- Instituto Federal de Brasília. Dado a importância e relevância social do tema, julgamos pertinente levá-lo aos leitores do Blog como produto de reflexão e debate com vistas a colaborar à ampla divulgação das complexidades e acertos relativos à Educação Especial. Com exceção de Emmanoel Kant, os autores e respectivas bibliografias foram disponibilizados na plataforma de ensino do curso.
O Autor.

A Doutora em Educação e professora da Unicamp, Maria Teresa Eglér Mantoan[1],  no Artigo O Direito à Diferença nas EscolasQuestões sobre a Inclusão Escolar de Pessoas Com e Sem Deficiências, traz à contextualização algumas propostas que fazem inferências às discussões que centram nos princípios da Educação Inclusiva. Ou seja, nos gonzos do entendimento epistemológico do que são Diferenças.

Está aí o principal desafio, uma vez que mesmo entre diversos articuladores que estudam o dilema das Diferenças não há consenso quanto ao entendimento do que é a própria Diferença em si. Um exemplo do não consenso é a diversidade de opiniões quando o assunto é oferecer ou não cotas para negros nas universidades públicas, ou ainda, a mais recente polêmica – algo que estava em discussão há treze anos no senado: a reserva de 50% das vagas em Universidades e IFs para alunos que fizeram todo o ensino médio em escola pública. Quanto à conceituação das Diferenças não há grandes problemas, mas há grandes divergências de opiniões, erros de conceituação e muita ambigüidade nas discussões, quanto à aplicabilidade das medidas.

A bem da verdade, ações educativas tem sido mais evidenciadas nos últimos anos, mas na mesma velocidade, vem sendo plasmado um projeto assistencialista às Diferenças, o que gera riscos graves, uma vez que a Diferença torna-se objeto de separação daquilo que sou, para o outro. Em outras palavras, para aquele que precisa ser e não consegue.

De um modo ou de outro, seja em que palavras forem, a segregação oculta (semelhante ao currículo oculto) se faz presente. Ao olhar a problemática de modo frio e a certa distância, tomamos consciência de que o currículo e o planejamento não podem negligenciar a existência de uma contradição dentro do processo da Educação Formativa. Os problemas são tão graves que a proposta de Educação Formativa alcança e infiltra no problema da contradição e segue até a ineficácia do currículo do ensino fundamental e principalmente do ensino médio-enciclopédico, o qual é constituído de um amontoado de disciplinas desconexas e totalmente aquém das necessidades de formação humana há muito tempo desejado.

Honestamente, até que ponto há verdadeira identidade para o ensino médio do Brasil? Note que não é necessariamente algo relativo às Diretrizes Pedagógicas para essa etapa de ensino como mencionado no artigo “Para Contrariar as Bases do Otimismo” publicado recentemente, ainda em Maio deste ano. Naquele texto, a referência era quanto as Diretrizes do ensino médio no intuito de clarificar se os objetivos propedêuticos asseguravam meios para prosseguir no trabalho ou não, em contraposição a educação estritamente profissionalizante que se propõe a verdadeiramente inserir a pessoa no mercado de trabalho.

Do mesmo modo que não há identidade curricular coerente para o ensino médio, assim também, em matéria de inclusão, a escola não pode tomar a Diferença e Identidade como um fato curricular já resolvido, nem agora e nem em um futuro breve.

É preciso entender que esse fenômeno, exatamente por ser um fenômeno, constitui um paradigma existencial que permeia toda a sociedade e é constituída de uma estrutura móvel de acordo com o entendimento de mundo e de épocas diferentes. Há avanços, mas há muito ainda a ser aprendido sobre a Identidade e a Diferença.

Em Mara Lúcia Sartoretto[2], com o texto Os Fundamentos da Educação Inclusiva, a pergunta que se faz é quanto ao que legitima o direito de todos a freqüentarem a escola comum. Sendo redundante, a minha resposta é que esse direito tem sua gênese nas Leis de Deus. Explicando, temos que a princípio a Constituição Federal tem seu embasamento legislador em propriedades pós-positivismo, balizando conceitos e normas com contornos à primazia do Direito, que por sua vez, no pós-positivismo e fundamentação filosófica acunhado no neoliberalismo, procura uma reaproximação com a Ética, procurando, nessa linha, consagrar a supremacia dos direitos fundamentais do homem, tendo por ideal teórico a dignidade da pessoa humana. A Ética enquanto Ética, por sua vez, dá luz a um processo inato que germina a Experiência Ética, a qual se produz no reconhecimento da Lei e provoca um para-além-da-lei, em uma perspectiva psicanalítica.  

Por fim, essa Experiência Ética tem sua fundamentação e regulação nas Leis da Consciência, nosso mais sublime legislador. A Consciência, proponente do conhecimento do Bem, do Belo e da Verdade, forja, via inspiração, essa busca última do homem, pois, o homem, é criação legítima à imagem e semelhança de Deus, origem de tudo e conhecedor da nossa propensão, quase sempre desarrazoáveis, exceto em nossa essência inconsciente. Essa é a gênese. O que vem após isso são apenas frutos da res cogitans (substância que pensa) e dos signos, como já exposto nesse e em outros artigos. Um enigma para os céticos e pragmáticos radicais.

Talvez a mais importante afirmação desse texto venha a seguir: esse é o meu entendimento da verdade, não a verdade, necessariamente. Ademais, entendo que é assim, porque diante da limitação na perspectiva da razão kantiana frente ao transcendente, ao homem é facultado penetrar lampejos da verdade, faltando sua completude e finitude em qualquer contexto e tipos de linguagem: livro, artigo, abstração na arte e na estética, na poesia, na musica. Enfim, é tudo humano, meramente humano.

A idéia de que o direito à escola tem ascendência na Consciência Ética, não anula a necessidade de discussões com ascendências jurídicas e legais. Em outras palavras, essas idéias não são excludentes entre si. Complementam-se.  

Na acepção psicológica, a discussão toma direções que fogem da regra da lógica e se junta a subjetividade da natureza humana. Isso ocorre porque entra no jogo lingüístico o significado de limites do conhecimento, problema bastante exaurido na Crítica da Razão Pura, memorável obra filosófica de Emmanoel Kant. Os limites do conhecimento e o modo como conhecemos as coisas, vem sendo objeto de discussões nas mais prestigiadas Universidades do mundo e não cessará, haja vista que exercer uma epistemologia sobre “como conhecemos as coisas” é voltarmos a nós mesmos e ao outro de modo atemporal. Logo, não é uma discussão do passado e nem do futuro, ela simplesmente é; ela está; ela se faz presente em todos os momentos da existência.

No texto de pesquisa bibliográfica para embasamento desse artigo, a abordagem de que nas Diferenças há a possibilidade do aprendizado, marca e certifica o direito de que as crianças com Diferenças possam estar na sala de aula convencional. Convencional no sentido de como a conhecemos. Um ponto interessante é que o estudo do problema sob o ponto de vista da subjetividade, como mencionado acima, Diversidade torna-se também um meio de estímulo ao aluno, a qualquer aluno, para chegar ao conhecimento.

Mesmo crianças portadoras de Necessidades Especiais não são diferentes quanto a terem uma autonomia do exercício da sua epistemologia sobre as coisas e sobre o mundo, entendendo com isso, que elas terão seu próprio modo de aprender e apreender as coisas, porque como articula René Descartes, o espírito é mais fácil de conhecer do que o corpo.

Basta o entendimento do termo heterogeneidade em seu sentido geral, para fundamentar os direitos daqueles que por uma razão ou outra são Diferentes, bem como o de poderem freqüentar uma escola comum, porque é nesse meio heterogêneo que pulsa os porquês da vida, os quais propiciam respostas que por sua vez conduz a novas premissas e, para esse ciclo tautológico, não há Diferenças que impeça a caminhar em direção ao Bem, o Belo e a Verdade. É nessa direção que a escola deve atentar, avançar e preparar seus professores, a saber, levá-los à percepção ao que transcende as questões de direitos, concentrando-se no que são possibilidades e competências.

Ainda no tema, um aspecto pouco discutido, encontrou acolhida no artigo da Revista Inclusão[3] - Revista da Educação Especial, artigo da edição de Outubro de 2005 do autor Romeu Kazumi Sassaki. No artigo, foi defendido com muita propriedade o fato de que a Inclusão não é somente para os alunos com deficiência, mas para todos os alunos, educadores, pais e membros da comunidade. Porque ao falarmos em Inclusão/Exclusão, facilmente somos convidados a pensar nas crianças com algum tipo de NE. Raramente se discute o problema da Inclusão abordando outros elementos, algo que provoca a pulsão da segregação.

O artigo aponta para a necessidade de romper com padrões de divisão, inclusive nas nomenclaturas. NE sugere especialidade por parte do professor; sugere estagnar a atenção em um estado momentâneo em separado dos demais, quando talvez o foco devesse ser na resolução de situações-problemas da sala de aula e não em alguns alunos. É sabido que a discussão é ampla e não se esgota em um artigo, mas é sabido também que quando se separa, se coloca um em patamar diferente do outro.

Tratar Diferenças e Igualdade só é possível quando sairmos da zona de conforto de entender o aparente real (o que está diante dos olhos) tomado por verdade absoluta e então abrirmos às possibilidades (subjetividade) como pré-requisito da nossa práxis pedagógica.

E você, caminha em direção ao Bem, ao Belo e a Verdade?

Fique bem e boa direção existencial!

Wilson Barbosa

- Filósofo Clínico e

- Técnico em Assuntos Educacionais

- IFTO – Instituto Federal do Tocantins

Campus Porto Nacional.



[1] MANTOAN, Maria Teresa Égler. O direito à diferença nas escolas – questões sobre a inclusão escolar de pessoas com e sem deficiência.  Disponível em: http://www.todosnos.unicamp.br:8080/lab/links-uteis/acessibilidade-e-inclusao/textos/o-direito-a-diferenca-nas-escolas-2013-questoes-sobre-a-inclusao-escolar-de-pessoas-com-e-sem-deficiencias/
[2] SARTORETTO, Mara Lúcia. Os fundamentos da educação inclusiva.
Disponível em: http://assistiva.com.br/Educa%C3%A7%C3%A3o_Inclusiva.pdf
[3] SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: o paradigma do século XXI. Inclusão - Revista Educação Especial. Out.2005. p. 19 – 23.  Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao1.pdf
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