sexta-feira, 1 de junho de 2012

Por Wilson Barbosa


PÓS ESTÁGIO
ENCAMINHAMENTOS ACERCA DA INSERÇÃO DO TÉCNICO NO MUNDO DO TRABALHO

Quer arranjar emprego? Cuide antes de alguns encaminhamentos teóricos e práticos fundamentais para a efetiva inserção no mundo do trabalho, segundo informes aqui propostos. As premissas e conceitos apresentados nesse artigo, em geral, são universais, mas há direcionamento e ênfase ao concluinte do curso de nível técnico concomitante ou subseqüente ao ensino médio.

Um levantamento rápido pela internet revela a expressividade e a ascensão desse nível/modalidade de estudos, o curso técnico-profissional. Além disso, sinaliza especificamente para alguns cursos em alta e outros que são bastante promissores. Em termos de país, setores que prometem absorver extensa mão de obra técnica, revelam-se nas indústrias de Petróleo e Gás, Companhias de Açúcar e Álcool, como é  realidade no Centro-Oeste, além da demanda na Construção Civil em todo o Brasil.

Com isso, acresça-se que com a economia elevada, as classes C e D começaram a viajar mais pelo país, movimentando consideravelmente o setor de Turismo.  Com o turismo efervescente, há a busca por profissionais em diversas áreas, desde serviços temporários como locutores lojistas e telemarketing nos grandes centros e em cidades turísticas, até profissionais formais da Comunicação e Marketing.

Nem precisa ser especialista para saber que o salário do jovem detentor de um diploma de curso técnico é maior do que aqueles que iniciam a vida profissional sem um curso profissionalizante. Outro dado revelador, é que no Brasil, 70% dos formados em cursos técnicos conseguem emprego na área[1]. Colocado no gerúndio, perguntaríamos: seria esse o percentual de contratação para àqueles que concluem cursos no nível superior? Portanto, como a resposta já está implícita na pergunta, conclui-se que as perspectivas não poderiam ser melhores para os técnicos formados.

Para o MEC, há ainda as áreas pelas quais as empresas estão ávidas por profissionais formados: biocombustíveis, radiologia, cozinha, edificações, mecatrônica. Ainda, áreas ligadas à ecologia, a informática e a multimídia.

Hoje, grandes corporações tratam os aspectos relacionados aos colaboradores de modo orgânico, pautados em ferramentas de produtividade, economicidade e empreendedorismo. Tudo isso são características que as empresas buscam no colaborador, e em contrapartida, sedimentam uma política clara e objetiva que permite a retenção e a ascensão profissional de seu pessoal.

Dá-se destaque ao substantivo ‘retenção’, porque no contexto trabalhado, o entendimento subjacente da palavra retenção indica maior estabilidade no serviço - caminho oposto, ao que se presencia atualmente no cenário europeu, incluindo grandes potências como a Rússia e a Inglaterra; assim como Itália, França e Espanha, até mesmo a Alemanha que é líder na economia européia, não está imune à queda da economia. Abalados com a crise na Grécia, esses países estão com sérios problemas de empregabilidade. O objetivo de citar os problemas externos não constitui uma tentativa de consternar o jovem brasileiro, mas levá-lo à reflexão quanto à valorização das oportunidades de ingresso e desenvolvimento da carreira, exigindo, apenas, seriedade, comprometimento, muito estudo e capacitação contínua.

No Brasil vivemos um período histórico. As empresas brasileiras ou as multinacionais presentes no país procuram maximizar todos os recursos disponíveis para evitar o turnover, palavra inglesa que define rotatividade entre funcionários, algo que cada vez mais vem sendo indesejável nas corporações [CLIQUE AQUI], e isso é reflexo direto do crescimento da economia que impulsiona as empresas a terem pessoal treinado e capacitado, resultando diretamente no investimento em pessoas. Na prática, o Brasil é o país do momento!

Esses são os informes iniciais, outros, tão ou mais importantes, devem partir da própria pessoa que se propõe a qualificar (e deve se qualificar) como contrapartida devida e esperada de um profissional técnico, ao comprometer-se no trabalho com o fazer bem feito; com o desenvolvimento da capacidade do trabalho em equipe; com o aprendizado legítimo que busca os melhores meios para atingir os fins desejados. 

Para isso, não basta ser proprietário de um certificado ou diploma de técnico em alguma coisa. Ser profissional transcende as especializações enquanto forma, vai à sensibilidade e à técnica. É daí que nasce a reflexão entre ensino e prática como práxis inseparáveis, porque na medida em que se exercitam os fluxos dos dados teóricos, fomentam-se também os dados epistemológicos[2] e por conseqüência os modos cognitivos[3], concomitantemente fazendo na prática o que se aprende em teoria.

Nesse ínterim, reforça-se ainda a necessidade do aprendizado e do exercício da ética no trabalho, dos valores fundamentais que alicerçam uma sociedade organizada onde deve ser primado o espírito da solidariedade, compreendendo com isso o sentido de se trabalhar com vistas a produtos e serviços bem feitos. E mais, paralelamente na construção de produtos e serviços, pautar-se n’uma visão holística que enfatize com prioridade a necessidade urgente de preservação do meio ambiente e a sustentabilidade. Essa perspectiva remonta interesses e necessidades já a nível planetário, a qual passa a ser determinante para a manutenção da vida, portanto, objeto de responsabilidade das empresas e de todos nós.

Nesse viés, todo e qualquer empreendedor que esteja vinculando sua produção ao lucro, sem atentar às causas de respeito aos recursos naturais, está antecipando o próprio fracasso. Notadamente, nos fóruns mundiais não vem se encontrando ponto de consenso sob o problema. O que resta, são as manifestações e críticas de alguns grupos de pessoas, ONGs e organizações envoltas à questão, as quais não cessam de reivindicar por, no mínimo, patamares toleráveis na exploração dos recursos naturais em prol da sustentabilidade. Se seguindo a linha do capitalismo excêntrico, esses são conceitos surreais, mas a verdade é que são fatos que vão sendo incorporados ao imaginário coletivo e posteriormente materializados em ideais educacionais, aglutinados em fóruns mundiais, acordos internacionais; Projetos de Lei, e também em Leis, propriamente ditas.

Uma leitura desinteressada não enxerga as similaridades de contexto: Sustentabilidade >> Formação Técnica >> Produção Ética. As nomenclaturas não são determinantes, mas as gêneses das questões em si, são. Isso implica que não há mais dissociabilidade entre esses temas. De agora em diante, estarão todos a um serviço: a promoção da qualidade de vida. É necessário que haja uma visão holística a despeito de um mundo em que se privilegie o ser em detrimento do produto a alto preço da natureza. E nesse sentido, desde as grandes corporações como a micro e a pequena empresa tem um mesmo papel: o papel da responsabilidade da produção limpa. 

Assim também deve ser o técnico formado o qual deve, em sua formação, coadunar a seus conhecimentos esses preceitos no desenvolvimento do trabalho, nos próprios propósitos e aspirações, e bem assim, na sua visão de mundo.
Até a próxima!

Profº Wilson Barbosa
-Filósofo Clínico e
-Técnico em Assuntos Educacionais
-IFTO – Instituto Federal do Tocantins
-Campus Porto Nacional.




[1] disponível em http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2011/01/curso-de-nivel-tecnico-garante-70-de-contratacao-ao-disputar-vaga.html
[2] Epistemologia: modo de conhecer as coisas; modo de investigação.
[3] Cognição: relativo a processos de aprendizado.
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