O
SERVIÇO PÚBLICO COM VISTAS AO EMPREENDEDORISMO
Pensando no setor público, a melhor
forma para o desenvolvimento da instituição, incluindo a
perspectiva de empreendedorismo, eficácia e eficiência em prol da
sociedade, é aquela cuja administração subjugue o formalismo
excessivo, o que não figura infringir Leis e respectivos
ordenamentos, mas que a política interna permita os servidores
mergulharem profundamente em um ambiente criativo. Uma Gestão
democrática que inspire a performasse para esse ambiente não talha
iniciativas criadoras, arrojadas e desafiadoras, não usurpa
subliminarmente ideias e projetos, tampouco castra mentes que
brilham. Incrível que pareça essas situações existem em demasia
especialmente quando da direção de cargos de 'pequeno vulto', isto
é, esferas administrativas medianas, bem mais do que em altos
escalões.
Em minorias, e ainda bem que seja nas
minorias, coordenações e gerências eivadas de vícios, sobrepõem
a criatividade impondo a “ordem”, confinando pessoas sob o clichê
generalizado de exercerem com zelo as atribuições do cargo, mas
contudo, em casos específicos, não tem anuência do bom senso e em
certos casos, da ética. Normalmente esse trâmite se dá em
situações subjetivas difíceis e pouco mensuráveis. Outras vezes
há casos de juízos onde há dois pesos e duas medidas, questões
tão presentes e comentados em forma de murmúrios e queixas de
corredores.
De modo geral, esses são problemas
crônicos, fidedignos de críticas sindicais e de demais
interessados. O patamar autoritário circundante ao legado de tantas
chefias para pouca demanda acaba por ferir a disposição do
profissional dar seu contributo para o pleno desenvolvimento de
pessoas, algo maior dentro dos limites de quaisquer dos Poderes.
Essa hipótese, a saber, necessidade
de Gestão Empreendedora, principalmente em gente, é largamente
demonstrada em forma de palestras, artigos, teses de doutorado e
também através de outras formas de verdade
por aproximação, contingência e semelhança.
Essa última, por ser menos explorada, é atenção desse texto ora
em curso. Na estética literária, nos mais distintos gêneros
textuais há a promoção de ideias que contemplam o que é
verdadeiramente empreender e permitir que o outro construa em equipe,
uma postura empreendedora. Um protagonista de ideias revolucionárias
acerca desse assunto, cuja vida é sinônimo de alteridade e
empreendimento em pessoas, pode ser abstraído do discurso de
Richard Bach. Autor
americano com obras traduzidas para o Português - referência em
essência do que é empreender buscando espaços criativos da alma. O
autor não é associado ao conceito academicista de empreendedorismo,
entretanto, é exímio na arte da vida para si mesmo e para o outro
no quesito pro-jetar-se rumo
à liberdade
de ser, criar
e viver.
Àqueles que tiverem curiosidade, podem conferir o que fica
subentendido em uma de suas obras: ILUSÕES – As Aventuras de um
Messias Indeciso. Ali há cousas que as corporações e instituições
só agora vêm traduzindo em discurso acadêmico, formatado em ciclos
de conceitos fundamentais sobre o tema. A bem da verdade, na
academia, tudo ou quase tudo de empreendedorismo, ainda um tanto
quanto propedêutico. Àqueles que puderem ter entendimento,
entendam!
As instituições significativas que
movimentam a economia do país – estenda-se o exemplo à máquina
pública, deve proporcionar aos servidores colaboradores, asas. Asas
para a imaginação. Forçando a exegese no texto, muitas
instituições públicas por todo o país, creem reinventar a roda
com um modelo excêntrico em gestão de pessoas, atribuindo a
subordinados apenas atividades-meio, em detrimento da capacidade de
contribuição que corroboraria à eficiência e eficácia dos seus
fins. Não há distinção (e
nem é propósito aqui) de
definição do que é ou não atribuição compatível à titulação
e/ou cargo. A referência é quanto a algo que vislumbra a
competência pessoal passível da legalidade dentro de cada limite
especificado. Dito isto, não raro, coordenações ou similares
guiadas por mentes limitadas, perdem talentos imbuindo servidores
altamente capazes com tarefas menores (também
não refere-se a desvio de função),
quando o país carece de mão de obra qualificada e necessita urgente
acelerar passos na direção do desenvolvimento tecnológico e
científico. E dentro da instância que ancora “educação pública
gratuita e de qualidade” ...que falar sobre esses problemas? Aliás,
é bem nessa instância que houve a inspiração de escrever esse
artigo.
Todos os problemas, ou parte deles,
poderiam ser convertidos em
matéria prima para o gerenciamento da autonomia e autoestima de
técnicos especializados a serviço do poder público, mas o que se
vê quase generalizado são servidores não contentes. Medidas
contrárias a essas ideias talvez sejam sugestivas ao leitor que
contempla à distância o problema. Exemplo: não
seria menos complexo se os não contentes redimissem da crítica e se
auto eximissem das tarefas cujas atribuições são subjetivamente
carregadas ocultamente de conteúdos maliciosos, por exemplo, algo
que configure assédio moral? Em outras palavras, não é mais fácil
exonerarem?
A premissa é que os enfrentamentos devem ser legitimados por
critérios de direito e de prerrogativas de Lei. Logo, a esfera da
discussão não passa pela omissão ou vacância, antes, pela
reivindicação do que se faz jus, inclusive via méritos judiciais,
se necessário.
Administradores mal preparados,
particularmente escalões menores da própria Gestão, quando
coisificam para si a coisa pública, manipula pessoas, danificam
famílias, assassinam talentos, tudo em função do ego e do bel
prazer, travestido de apreço ao Princípio da Legalidade, mas na
prática, pouco se questiona a suspeição do Princípio da Isonomia,
uma vez que é verdadeiro a existência de critérios
diferentes para pessoas diferentes,
entendendo com isso que falta resignação ajuizada à ordem, ao bom
senso, à equidade e à virtude, forjando o caráter original da razão
e da ética. Em exercício do cargo, esse perfil de atribuição de
Direção trás o não
como primeira alternativa ao impulso inovador do servidor.
O não,
nesse contexto, aumenta a excitação na inquietante jornada pelo
processo empreendido ou pela ideia que jamais deixa paralisar a mente humana que é ativa em
buscas que promovam mudanças.
Nolan Bushnell, criador do ATARI1,
um dos maiores representantes do Empreendedorismo prático, diz em
entrevista que sua academia de empreendedorismo é
um verdadeiro 'celeiro de mentes' onde mentores inspiradores criarão
um ambiente onde os participantes serão não estudantes, mas
aprendizes" explicou. Daremos a nossos aprendizes a oportunidade
de realizarem suas ideias, a The School of Life (TSOL).
E nós, com nossas instituições
públicas de ensino, o que fazemos com o celeiro de mentes
brilhantes? Há um contrassenso
quando coordenações excêntricas inibem a criatividade de
empregados públicos, usam da máquina de gestão para sucumbirem
movimentos independentes, quando deveria ser a mediadora da
criatividade e dos insigths
da experiência e do saber. Essa discussão não deve ser entendida
por universalizada. Há situações pontuais, mas estatisticamente
não é pouco, o que legitima o intento de escrever sobre. Na medida
em que discussões dessa envergadura forem ventiladas, no mínimo,
abrir-se-á espaço ao debate e ao contraditório.
Para encerrar, Soren Kierkegaard,
Filósofo e Teólogo dinamarquês, disse: A
vida tem de ser vivida para frente, mas só pode ser entendida para
trás. Levará
um tempo, mas
há de vir de modo que a promoção da liberdade, da arte e da
criação vigore em qualquer meio, público ou privado, e a
solidariedade entre os pares constitua espelho que reflita o agora.
Mesmo esses percalços, são partes de um processo, não o fim em si
mesmo. Nesse novo tempo não mais haverá espaço para a
excentricidade na coisa pública.
A todos, um afetuoso abraço,
Wilson Barbosa
-Filósofo Clínico
-Esp. em Tecnologias na Educação
-Técnico em Assuntos Educacionais
Pró-Reitoria de Ensino
-Técnico em Assuntos Educacionais
Pró-Reitoria de Ensino
EAD - Educação a Distância
IFTO - Instituto Federal do Tocantins - Palmas
Homepage: tecnologias-professor.blogspot.com.br
1Criador
dos jogos ATARI – Empresa de produtos eletrônicos e jogos de
videogame com o mesmo nome.