quinta-feira, 2 de maio de 2013

Por Wilson Barbosa


O SERVIÇO PÚBLICO COM VISTAS AO EMPREENDEDORISMO

Pensando no setor público, a melhor forma para o desenvolvimento da instituição, incluindo a perspectiva de empreendedorismo, eficácia e eficiência em prol da sociedade, é aquela cuja administração subjugue o formalismo excessivo, o que não figura infringir Leis e respectivos ordenamentos, mas que a política interna permita os servidores mergulharem profundamente em um ambiente criativo. Uma Gestão democrática que inspire a performasse para esse ambiente não talha iniciativas criadoras, arrojadas e desafiadoras, não usurpa subliminarmente ideias e projetos, tampouco castra mentes que brilham. Incrível que pareça essas situações existem em demasia especialmente quando da direção de cargos de 'pequeno vulto', isto é, esferas administrativas medianas, bem mais do que em altos escalões.

Em minorias, e ainda bem que seja nas minorias, coordenações e gerências eivadas de vícios, sobrepõem a criatividade impondo a “ordem”, confinando pessoas sob o clichê generalizado de exercerem com zelo as atribuições do cargo, mas contudo, em casos específicos, não tem anuência do bom senso e em certos casos, da ética. Normalmente esse trâmite se dá em situações subjetivas difíceis e pouco mensuráveis. Outras vezes há casos de juízos onde há dois pesos e duas medidas, questões tão presentes e comentados em forma de murmúrios e queixas de corredores.

De modo geral, esses são problemas crônicos, fidedignos de críticas sindicais e de demais interessados. O patamar autoritário circundante ao legado de tantas chefias para pouca demanda acaba por ferir a disposição do profissional dar seu contributo para o pleno desenvolvimento de pessoas, algo maior dentro dos limites de quaisquer dos Poderes.

Essa hipótese, a saber, necessidade de Gestão Empreendedora, principalmente em gente, é largamente demonstrada em forma de palestras, artigos, teses de doutorado e também através de outras formas de verdade por aproximação, contingência e semelhança. Essa última, por ser menos explorada, é atenção desse texto ora em curso. Na estética literária, nos mais distintos gêneros textuais há a promoção de ideias que contemplam o que é verdadeiramente empreender e permitir que o outro construa em equipe, uma postura empreendedora. Um protagonista de ideias revolucionárias acerca desse assunto, cuja vida é sinônimo de alteridade e empreendimento em pessoas, pode ser abstraído do discurso de Richard Bach. Autor americano com obras traduzidas para o Português - referência em essência do que é empreender buscando espaços criativos da alma. O autor não é associado ao conceito academicista de empreendedorismo, entretanto, é exímio na arte da vida para si mesmo e para o outro no quesito pro-jetar-se rumo à liberdade de ser, criar e viver. Àqueles que tiverem curiosidade, podem conferir o que fica subentendido em uma de suas obras: ILUSÕES – As Aventuras de um Messias Indeciso. Ali há cousas que as corporações e instituições só agora vêm traduzindo em discurso acadêmico, formatado em ciclos de conceitos fundamentais sobre o tema. A bem da verdade, na academia, tudo ou quase tudo de empreendedorismo, ainda um tanto quanto propedêutico. Àqueles que puderem ter entendimento, entendam!

As instituições significativas que movimentam a economia do país – estenda-se o exemplo à máquina pública, deve proporcionar aos servidores colaboradores, asas. Asas para a imaginação. Forçando a exegese no texto, muitas instituições públicas por todo o país, creem reinventar a roda com um modelo excêntrico em gestão de pessoas, atribuindo a subordinados apenas atividades-meio, em detrimento da capacidade de contribuição que corroboraria à eficiência e eficácia dos seus fins. Não há distinção (e nem é propósito aqui) de definição do que é ou não atribuição compatível à titulação e/ou cargo. A referência é quanto a algo que vislumbra a competência pessoal passível da legalidade dentro de cada limite especificado. Dito isto, não raro, coordenações ou similares guiadas por mentes limitadas, perdem talentos imbuindo servidores altamente capazes com tarefas menores (também não refere-se a desvio de função), quando o país carece de mão de obra qualificada e necessita urgente acelerar passos na direção do desenvolvimento tecnológico e científico. E dentro da instância que ancora “educação pública gratuita e de qualidade” ...que falar sobre esses problemas? Aliás, é bem nessa instância que houve a inspiração de escrever esse artigo.

Todos os problemas, ou parte deles, poderiam ser convertidos em matéria prima para o gerenciamento da autonomia e autoestima de técnicos especializados a serviço do poder público, mas o que se vê quase generalizado são servidores não contentes. Medidas contrárias a essas ideias talvez sejam sugestivas ao leitor que contempla à distância o problema. Exemplo: não seria menos complexo se os não contentes redimissem da crítica e se auto eximissem das tarefas cujas atribuições são subjetivamente carregadas ocultamente de conteúdos maliciosos, por exemplo, algo que configure assédio moral? Em outras palavras, não é mais fácil exonerarem? A premissa é que os enfrentamentos devem ser legitimados por critérios de direito e de prerrogativas de Lei. Logo, a esfera da discussão não passa pela omissão ou vacância, antes, pela reivindicação do que se faz jus, inclusive via méritos judiciais, se necessário.

Administradores mal preparados, particularmente escalões menores da própria Gestão, quando coisificam para si a coisa pública, manipula pessoas, danificam famílias, assassinam talentos, tudo em função do ego e do bel prazer, travestido de apreço ao Princípio da Legalidade, mas na prática, pouco se questiona a suspeição do Princípio da Isonomia, uma vez que é verdadeiro a existência de critérios diferentes para pessoas diferentes, entendendo com isso que falta resignação ajuizada à ordem, ao bom senso, à equidade e à virtude, forjando o caráter original da razão e da ética. Em exercício do cargo, esse perfil de atribuição de Direção trás o não como primeira alternativa ao impulso inovador do servidor. O não, nesse contexto, aumenta a excitação na inquietante jornada pelo processo empreendido ou pela ideia que jamais deixa paralisar a mente humana que é ativa em buscas que promovam mudanças.

Nolan Bushnell, criador do ATARI1, um dos maiores representantes do Empreendedorismo prático, diz em entrevista que sua academia de empreendedorismo é um verdadeiro 'celeiro de mentes' onde mentores inspiradores criarão um ambiente onde os participantes serão não estudantes, mas aprendizes" explicou. Daremos a nossos aprendizes a oportunidade de realizarem suas ideias, a The School of Life (TSOL).

E nós, com nossas instituições públicas de ensino, o que fazemos com o celeiro de mentes brilhantes? Há um contrassenso quando coordenações excêntricas inibem a criatividade de empregados públicos, usam da máquina de gestão para sucumbirem movimentos independentes, quando deveria ser a mediadora da criatividade e dos insigths da experiência e do saber. Essa discussão não deve ser entendida por universalizada. Há situações pontuais, mas estatisticamente não é pouco, o que legitima o intento de escrever sobre. Na medida em que discussões dessa envergadura forem ventiladas, no mínimo, abrir-se-á espaço ao debate e ao contraditório.

Para encerrar, Soren Kierkegaard, Filósofo e Teólogo dinamarquês, disse: A vida tem de ser vivida para frente, mas só pode ser entendida para trás. Levará um tempo, mas há de vir de modo que a promoção da liberdade, da arte e da criação vigore em qualquer meio, público ou privado, e a solidariedade entre os pares constitua espelho que reflita o agora. Mesmo esses percalços, são partes de um processo, não o fim em si mesmo. Nesse novo tempo não mais haverá espaço para a excentricidade na coisa pública.

A todos, um afetuoso abraço,

Wilson Barbosa

-Filósofo Clínico
-Esp. em Tecnologias na Educação
-Técnico em Assuntos Educacionais
          
Pró-Reitoria de Ensino
EAD - Educação a Distância
IFTO - Instituto Federal do Tocantins - Palmas
 




1Criador dos jogos ATARI – Empresa de produtos eletrônicos e jogos de videogame com o mesmo nome.
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