COMO EXPLICAR ALTAS HABILIDADES PRESENTE
EM ALGUNS TIPOS DE TRANSTORNOS
Minha
Impressão sobre o Problema
Nota
O artigo a seguir é uma resenha construída a
partir de socialização da temática maior:
Práticas Inclusivas, presente no Componente Curricular TGD – Transtornos
Globais de Desenvolvimento do curso de Extensão em Educação Inclusiva
oferecido pelo IFB – Instituto Federal de Brasília-2012
Dentro do
complexo da associação de uma ou mais característica em TGD - Transtornos Globais
de Desenvolvimento, mesmo quando acrescido de elementos constitutivos que o
caracteriza como fenômeno (altas habilidades, intuição aguçada, outros), invariavelmente
comprometem, na maioria dos casos, a capacidade de interação do sujeito.
Entretanto, como relatado algumas vezes em revistas especializadas e até mesmo
na mídia televisiva, e o é publicitado na mídia exatamente devido a que a aparência
sugere um dado fenomenológico, o qual a marca é agregar situações, impressões
ou fatos observáveis que excedem a compreensão científica, e ainda, nesse caso,
por expor eventos temporários inexplicáveis na acepção médica-comportamental.
Nesse e em casos correlatos, o entendimento é que deve ser prestada atenção a
tais fatos surpreendentes, mas não em demasia a ponto de sobrepor a necessidade
de atenção, estudos e descobertas que promovam o aumento na qualidade de vida
da pessoa com algum tipo de Transtorno. Com isso há que se dizer que a pessoa
enquanto pessoa é maior do que o fato extraordinário por ela apresentado (como em caso de notória publicidade em
distintos veículos de comunicação, associado a Síndrome de Asperger).
Nesse sentido,
do ponto de vista terapêutico vale buscar eventuais causas que ocupam o papel
de “atrapalho” no desenvolvimento social do individuo. Por mais contraditório
que pareça, fatos extraordinários associados a Altas Habilidades, no sentido
usual da palavra, podem ser exatamente o motivo de segregação que impele a
pessoa ao afastamento social.
De modo amplo,
pessoas com down, asperger, outros,
parecem deslocarem-se do plano lógico, imediato, concreto e vagarem-se em Ideias
Complexas (abstrações). Como possibilidade de interação, nesse caso, na ótica psico-clínica,
é necessário afastar-se da tentativa inútil de “conectá-lo” ao logicismo formal
e buscar um meio de interação aonde a pessoa se encontra. Contudo, para tal
procedimento, faz necessário entender o quanto e se isso faz
sentido para ela. Trazê-la ‘para casa’, se necessário, só a partir de um segundo
momento.
Essa hipotética proposta
clínica-pedagógica não está aqui sugerida aleatoriamente, ela constitui parte
do trabalho desenvolvido junto a profissionais por todo o país especialistas
em Filosofia Clínica, bem como em outras áreas das psicologias. Por ser um caso
hipotético, a hipótese apresentada é apenas uma entre incontáveis outras possibilidades
cuja pessoa com prognóstico adequado ajusta-se, caso a caso, as demandas das suas
particularidades existenciais. Evidentemente não é possível esmiuçar todas as
hipóteses em potencial dado a deslumbrante multiplicidade e complexidade que
remonta a Estrutura que é a pessoa em si. A linha do texto, todavia, segue na
direção da hipótese sugerida no intuito de dar forma, estrutura e entendimento
à ideia que busca configurar um caso específico.
A resposta para o
título do artigo talvez não venha a ser a mais esperada, porque o foco não
está, necessariamente, no entendimento de ações surpreendentes apresentadas por
pessoas que apresentam um Transtorno, mas no modo como esses fatos são ou não
representativos e determinantes na qualidade de vida dessas pessoas, embora
possa haver variações quanto aos interesses, desde que visualizada tal
relevância no cuidado do caso.
A bem da verdade,
um texto curto não torna suficiente o entendimento do problema, menos ainda
aponta ações práticas ao leitor, mas sinaliza a identificação de situações a
que sejam necessários encaminhamentos à profissionais afins.
Inclusão: Mitos e desafios para o sistema de ensino
Em textos
relacionados ao assunto, muitas vezes estes se anunciam apresentando pontos que são
rotulados de alguma forma e posteriormente mitificados. Quanto a isso a questão
é ampla e não se esgota, mas suscita uma polêmica: as bases norteadoras para
classificar uma determinada informação por mito e outra por informação verdadeira,
não seriam em si mesmas o fomento da criação de um mito novo? Reflita! Está intrínseca ai uma questão eminentemente filosófica.
Na livre
expressão do pensamento, discordo, por exemplo, da mitificação da seguinte doxa socialmente estabelecida:
*MITO
O fato da escola não estar atendendo alunos
com deficiências, se dá pelo despreparo dos seus professores para esse fim;
Assim como a singularidade de cada criança com Transtorno precisa ser entendida sob a ótica de um caleidoscópio (conceba-se a organização do ensino em diversas configurações, não mais estáticas como no modelo integrativo, mas sim em função das necessidades do aluno, o ensino se reorganiza para dar repostas que promovam acesso ao desenvolvimento)[1], assim também a realidade está em devir, em desdobramentos sempre, e então a contrapartida não deve ser menos verdadeira. Supõe-se que em situações específicas, o despreparo de professores pode ser causa do não atendimento de alunos com Transtorno e/ou deficiência. Na linha da Lógica e da Forma, conclui-se que se houver uma única escola a qual esse motivo não seja verdadeiro, descaracteriza a afirmativa. Para que fique claro, questiona-se se em meio a tanta diversidade (subjetividade dos sujeitos agentes da escola), será que não haveria mesmo escolas que prestam bom atendimento mesmo com a falta de qualificação de docentes e de toda a comunidade escolar para lidar nessa área? Claro que sim, mas também existe o contrário. Isso é uma verdade, inclusive uma verdade em maior proporção, concorda-se.
Quando o homem volta
o olhar ao que não pode ser mensurado do ponto de vista estritamente racional, cria-se
um terreno muito árido e delicado para precisar fatos.
Um problema frequente
e divergente é quanto a que tipo de escola essa criança com NE deve frequentar:
(...) Que as classes e escolas
especiais seriam o lugar ideal para atendimento à clientela com necessidades
especiais, pois assim não seriam discriminados e marginalizados, podendo haver
perfeita integração com seus pares. (?)
Isso pode ser
causa de discussões mais aprofundadas. Uma criança portadora de algum tipo de
necessidade não se resume apenas a essas necessidades. O que isso quer dizer?
Quer dizer que essa criança precisa ser entendida para além das
necessidades especiais em particular. Depreende-se desse conceito que buscar
universalizar os termos/propostas é incorrer em riscos de mesmo peso e mesma
medida. Afirmar que todas as crianças
deveriam ser atendidas em salas comuns é tão igual quanto o inverso. E esse
perigo não decorre desse ou daquele grau de dificuldade encontrada na criança
que vivencia algum Transtorno, mas também e principalmente, por outros
elementos os quais transcendem o problema do Transtorno. É preciso um trabalho
de varredura intelectiva na pessoa, a saber, reconhecer o melhor modo como essa
pessoa se relaciona com o meio, consigo mesma, com as coisas, com o mundo. É
necessário estudos preliminares e individualizados. Diante disso significa que
é possível situações em que escolas especiais existam e produzam bons frutos,
entretanto, bons frutos nos casos em que a escola esteja para as
necessidades e não as necessidades para a escola. O fato, por outro lado,
alia-se à ideia de que não é possível promoção humana a partir de segregamentos
travestidos de padrões de atendimento, antes, a humanização se faz na troca de
informação, no ir e vir ao plano existencial um do outro. Se os planos existenciais
não são construídos nos moldes das formas convencionais conforme critérios de
sociedade, não deixam de serem planos existenciais, apenas vibram em outro
lugar.
A história da
humanidade tem demonstrado que normalmente valores, ideias, técnicas e
pensamentos inovadores são ‘mitificados’ de vieses escusos. Desde a entrada do
Renascimento a qual, entre outras coisas, propunha o re-nascimento-consciência, em detrimento da baixa idade média até os dias atuais, existe o confronto e o contraditório. Numa esfera maior,
esses ideais abstraídos da junção positivo
x negativo, fomentam descobertas e diluem nuvens pardas que impedem a visão
completa. No contexto escola, os cuidados da instituição, da sociedade e da família
para com as crianças com Transtornos, não seria diferente. É algo que leva
tempo, às vezes gerações, mas caminha sempre em direção à igualdade, seja
através do trabalho em escolas especiais, seja em outro tipo de escola onde haja dedicação e esmero do
mediador do conhecimento, o professor.
Algo de difícil
contextualização escrita, mas de possível entendimento na prática,
especialmente quando há vontade política, dedicação docente, humildade frente
aos mistérios e interseção entre os grupos e entre os pares balizado na solidariedade
e no amor.
Wilson Barbosa
-Filósofo Clínico
Registro Profissional - 0585 W
-Esp. em Tecnologias na Educação
-Técnico em Assuntos Educacionais
Pró-Reitoria de Ensino
Pró-Reitoria de Ensino
EAD - Educação a Distância
IFTO - Instituto Federal do Tocantins - Palmas
Homepage: tecnologias-professor.blogspot.com.br
Referência
INSTITUTO FEDERAL DE BRASILIA, PROFEI – Curso de Extensão em Educação Inclusiva – TGD –
Transtornos Globais de Desenvolvimento, Biblioteca Virtual, 2012.