terça-feira, 2 de março de 2010

Por Wilson Alves


INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Há muito se discute quanto aos benefícios e malefícios quanto ao uso das tecnologias em favor do conhecimento humano. Se retroagirmos a tempos remotos, de modo especial, ao período da glória grega até o Iluminismo do século XVIII, cujos representantes volta-se, exclusivamente nesse contexto, para Jean Jacques Rousseau, Immanuel Kant com breve passagem por John Locke até a contemporaneidade, é possível perceber que as tecnologias vieram sendo evidenciadas e ganharam, ou não, visibilidade1 dependendo da ótica eminentemente cultural de época, de acordo com uma interpretação subjetivista acerca dos tratados dos filósofos expoentes da Teoria do Conhecimento, supracitado.2
Inferindo especificamente a despeito da cultura a qual vivemos, depreende-se facilmente que nas últimas duas décadas do século XX aconteceram grandes mudanças tanto no campo sócio-econômico e político quanto no reduto cultural das ciências e das tecnologias. Diante desse cenário, os processos tecnológicos centrados na comunicação em massa nas décadas citadas, e ainda hoje, não se fizeram sentir plenamente de modo a alterar o modo do tratado do conhecimento já postulado pelas psicologias, sociologia e outras áreas das ciências humanas. Obviamente fazemos menção apenas à ótica a qual iniciamos esse texto, isso implica que essa alusão é em um sentido stricto a qual articulamos junto a ideia central e jamais n'uma perspectiva aberta, fora de contexto, enfim, em um sentido lato. Em outras palavras, (que se anunciam aparentemente paradoxais) estamos vivendo exatamente um período de mudanças paradigmáticas, talvez exatamente como viveram principalmente os filósofos Iluministas, como expusemos acima a título de exemplo. Todavia, os efeitos do próprio Iluminismo em sua totalidade só foram percebidos em sua amplitude muito além do seu tempo. Da mesma forma, a crença é que os paradigmas rompidos (ou em rompimento) do qual vivenciamos, terá o ápice de aceitação em um tempo futuro, ainda em devir3, enquanto aspecto fenomenológico, cujos resultados também serão percebidos somente a posteriori.
Colocado esse pensamento introdutório, partimos a contextualizar a Integração das Mídias e as Práticas Pedagógicas, hoje. No cenário atual, ao contrário dos períodos anteriores, caracterizado pela ausência de empenho político-educacional e seus respectivos órgãos reguladores no que se refere a subsidiar os sistemas de ensino no implemento de novas tecnologias no processo educativo, vivemos um cenário onde temos a oportunidade de vislumbrar escolas equipadas com recursos áudio-visuais, informática, ambientes virtuais colaborativos de aprendizagem e outros, dinamizando ou se propondo a, para a integração pedagógica com tais recursos. Essa integração por si somente não garante um proveito satisfatório ao aprendizado do aluno, tendo por conceito primeiro que as tecnologias, principalmente o computador/internet não ensina e não educa, mas o sujeito que se encontra atrás desses sistemas tecnológicos é o proponente associativo para efetivar esse ensinamento4. Atualmente a integração das mídias ao processo educativo vêm se mostrando como uma importante alternativa para o enfrentamento da falta de acesso a educação nos mais distintos níveis. Dessa forma, cumpre entender que a investidura na árdua tarefa de conscientização junto aos educadores no sentido de se abrirem para possibilidades concretas oferecidas pelos recursos das mídias, que teoricamente faz enriquecer a sua aula, faz também crescer substancialmente o sentido do seu trabalho enquanto professor. Essa integração, objeto central do texto, não se dá de forma aleatória e descontextualizada da realidade local, regional e, sobretudo, cultural. Ou seja, de nada, ou muito pouco valerá, o professor usar dos recursos midiáticos visuais, por exemplo, quando é privilegiado apenas o aspecto da AV (Acuidade Visual) cujo fim é manter os alunos “ocupados” com o que se assiste. Nesse sentido, as mídias não ocupam o seu papel pedagógico, subtraindo de forma maldosa e criminosa a oportunidade do educando em se desenvolver como cidadão, como pessoa humana. Os pressupostos das tecnologias precisam ser encarados como mecanismos de atalhos intelectivos para a possibilidade de aprendizado concreto, jamais possível de ser alcançado nos métodos tradicionais de dar aula vivenciados pela geração anterior a nossa. Só dessa maneira a educação intermediada pelas tecnologias pode perder eventuais estigmas outrora disseminados por meio de iniciativas mal sucedidas com o uso dos recursos das mídias que discutimos nesse artigo e dessa maneira ganhar prestígio e respeito do grande público.


Wilson Barbosa


- Filósofo Clínico 
- Especialista em Tecnologias na Educação
1 A heterogeneidade brasileira, os aspectos culturais que marcam regionalmente o país, faz com que o enunciado dessa questão ganhe maior ou menor representatividade social, conforme os setores sociais envolvidos. A idéia e consenso sobre o uso das tecnologias na educação são vistas de modo descentralizado, tendo em vista principalmente a extensão geográfica do país onde os processos culturais mudam conforme a região (Grifo nosso)
2 A história da tecnologia é a história das ferramentas e das técnicas úteis para fazer coisas práticas. Relaciona-se intimamente com a história da ciência, que inclui a maneira como os seres humanos adquiriram o conhecimento básico necessário para construir coisas úteis. Exemplo: fogo, cobre, agricultura, roda, escrita, cujos fins eram, por natureza, tecnologias. (pt.wikipedia.org)
3 Devir- o que está no vir a ser, a transforma-se. (Grifo meu)
4 Não vamos adentrar na discussão moderna se o homem pode ou não ensinar algo a alguém. O objetivo é clarificar o sentido do uso das tecnologias no processo educativo. Portanto, vamos abdicar de discussões meramente protelatória ao fundamento principal do texto.
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