quarta-feira, 23 de junho de 2010

Por Wilson Alves

E A SUBJETIVIDADE DO ALUNO-PESSOA?

Se o leitor visitar os artigos anteriores, especialmente os que foram publicados no ano de 2008 e 2009 verá implícita uma ênfase dada a visão prospectiva na educação; a formação contínua do professor; a valorização da educação diagnóstica e formativa, entre outros. Com efeito, esses tópicos vêm sendo valorizados nesse Blog e na maioria dos textos escritos por especialistas que “pensam” a educação brasileira, inclusive com anuência da Legislação que foca essas premissas a partir da redemocratização do ensino proposto na LDB. A questão que pretendo abordar vai paradoxalmente, a primeira vista, na contramão do que vem sendo escrito nos últimos meses. Isso acontece porque o objetivo desse artigo é voltar a atenção à subjetividade da pessoa, à inércia equilibrada que faz bem ao espírito, ao platonismo no seu mais legítimo grau, quando trata da contemplação do belo, do bem, e da verdade. Do ócio hermeneuticamente trabalhado nos textos platônicos.
Na atualidade a palavra da vez é virtual – caminho que apresenta à educação brasileira um sinal, uma luz ao fim do túnel com propósito de recuperar séculos de atraso educacional e intelectual por meio da EAD. A bem da verdade, a presunção em formarmos indivíduos que atendam a demanda de um mercado globalizado precisa ser bem entendida para que não se coadune com objetivos puros e simplesmente maniqueístas do capitalismo implantado pelo neoliberalismo. Homens e mulheres que aspiram a uma sociedade igualitária, socialmente generosa e autônoma (e não autômata), mulheres e homens que vivam uma liberdade responsável, precisam entender que para a Gestão dessas ações de modo a serem eficazes e eficientes, há de ser provida por meio de um federalismo que assuma a responsabilidade sob uma formação profissional sustentável. Ademais, a educação que deve ser um todo integrado, há de cuidar em promover competências de decisão, a saber, que cuide de integrar o homem em seus aspectos físico, psíquico e social, e dessa forma, conjugar esforços para que a produção no trabalho contemple também uma visão planetária, a qual é possível somente através de uma visão holística de mundo, bem ao contrário da pseudo hegemonia social pregada deliberadamente pelo neoliberalismo que usa a via da economia como um de seus pressupostos.
O que pretendo acentuar são os riscos que há na velocidade extravagante que pode ser caracterizado no verbo abundante do particípio absorver. Entendendo por definição, algo que venho insistindo em vários dos meus artigos: a ausência da dialética e da alteridade no ato de receber pronto as informações e conhecimentos virtuais hipermidiados de maneira irrefletida, alienadora e segregária, elementos que estão no plano de fundo de uma política internacional massificadora que busca a dominação mundial através das políticas de educação. Todo esse processo contribui a que naturalmente construa-se e sentencia-se a nós cidadãos ética e valores virtuais, apenas. O nosso trabalho pedagógico na educação a distância não encerra apenas em escrever nos fóruns; em biblioteca-material do aluno ou no espaço reservado ao material do professor pequenos textos que atendam a meia dúzia de tutores ou mesmo a alguns professores conteudistas. Nosso dever ético é denunciar toda e qualquer possibilidade, por mínima que seja, em construir super-homens e super-mulheres tecnológicos, mas emocionalmente infelizes. A “ruptura” entre o lápis e o computador requer mais que simples treinamento em plataformas. Implica em criar indivíduos responsáveis mutuamente pelo desenvolvimento constituído sob as bases da equidade em direitos humanos bem como formar mentes pensantes e conjuntamente responsáveis pelo planeta; implica em tecer caminhos pedagógicos que contemplem a simplicidade e a tolerância no conviver com as diferenças. Fazer compreender quanto as diferenças, que elas não residem apenas nas pessoas portadoras de necessidades especiais, mas residem em mim e em você que tem manias e criamos outras novas. O que devemos combater com veemência é o risco de sermos íntimos com uma pessoa bem do nosso lado (virtualmente falando) logo ali, do outro lado do continente, sem se dar conta da realidade local onde a sua família, escola e amigos estão inseridos.
Observe a aparente contradição. O trabalho do autor que escreve esse artigo é exatamente trabalhar com a EAD, o que leva a fácil e rápida ideia de contra senso. Mas o suposto contra senso não existe se considerada a dimensão total do que discutimos – o verdadeiro sentido de formação integrada do indivíduo.
Nesse momento em que as merecidas férias de julho se aproxima, talvez seja um momento precioso para refletirmos o TÍTULO I : Da Educação, redigido na Lei 9.394 de 1996, quando diz:


Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Não farei maiores comentários a respeito do Artigo 1º da LDB, apenas deixarei registrado literalmente para que você estabeleça reflexões associando-o às dimensões da articulação possíveis com o que se discute a respeito de uma educação que fomenta as discussões contemporâneas: A aproximação da teoria com a prática.
Uma férias filosóficas para você.

Prof. Wilson Barbosa 


- Filósofo Clínico 
- Especialista em Tecnologias na Educação

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