segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Por Wilson Barbosa


Documento[1].

Sistema Nacional de Educação Articulado ao Plano Nacional de Educação: Dermeval Saviani - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

Uma Dialética a Respeito


Trabalhar a conjuntura dos problemas refletidos por Dermeval Saviani acerca do Plano Nacional de Educação, remonta à problemas históricos da educação brasileira. A releitura em Saviani corresponde à proposta da idéia dos Universais em contraposição a propostas Separatistas na educação brasileira.

 (...) como se fossem coisas diferentes quando, na verdade, são apenas partes do mesmo sistema educacional em seu conjunto.

Em sua própria perspectiva, o autor passa a considerar os obstáculos que historicamente impediram a organização do Sistema Nacional de Educação em nosso país. Nesse contexto, apóia-se em quatro eixos de reflexão. Para fins de articulação e composição desse artigo, destaco dois eixos do documento, sendo, o A e C, respectivamente.

a) (...) Os obstáculos econômicos decorrentes da histórica resistência à manutenção da educação pública no Brasil;

c) (...) Os obstáculos filosófico-ideológicos, isto é, a prevalência das ideias ou mentalidades pedagógicas refratárias à organização da educação.

A partir desses elementos, fica subentendido que haveria de prevalecer apenas à responsabilização do Estado de Direito sob a educação brasileira, contrariando a idéia de sistemas de ensino. E como se houvesse postulados de sistemas diferentes para povos diferentes. Assim entendo!

Dos itens que destaquei, A e C, soam ambos bastantes relevantes. Quanto ao item A, considerando que em termos de economia do país e o quanto do PIB é destinado para subsidiar a educação em nosso país, resulta o entendimento de que o Brasil caminha a anos luz em investimentos, comparados a países que economicamente não são estáveis como o Brasil. Isso pode ser observado em países da América do Sul, e essa demanda reflete diretamente no índice de desenvolvimento da Educação Básica.
 
                                                                       Para Refletir
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Considerado o item B, igual ou mais grave, é o problema filosófico-ideológico. Com esse problema, tendo ou não uma margem plausível de aumento de recursos para a educação, o sistema continuará com graves problemas, uma vez que os ideais políticos serão anterior a aplicações desses recursos, o que pode comprometer seriamente o conjunto das matrizes formativas, quando não pautados em uma consciência coletiva atenta às reais necessidades do país.

Mas voltando aos “sistemas de ensino” faz lembrar o Professor e Senador Cristovam Buarque que, insistentemente defende no Senado a federalização da educação pública brasileira e demonstra em números sua ideologia, a qual afirma que com os anunciados 10% do PIB revertido à educação, seria possível um piso salarial do professor da Educação Básica no patamar de R$ 9.000,00. Utópico? -Talvez, mas pensemos a idéia a partir do meio termo do seu projeto. Na mesma linha, equaliza-se a capacidade do país em termos de investimentos tecnológicos, de modo particular, enfatizamos essa necessidade à Educação Especial, normalmente relegada ao esmero e ao esforço da própria instituição de modo quase independente, contando com a participação de uma parcela de professores idealistas que lutam pela causa, apensar das precariedades. A assistência governamental deveria ser kilometricamente maior.

Na articulação em Saviani, deriva do raciocínio original que homologar a soberania do Estado em detrimento da gradativa autonomia dos sistemas de ensino flutua sob quesitos muito sensíveis, embora na verdade, a melhor maneira de respeitar a diversidade (incluindo o setor da educação) dos diferentes locais e regiões é articulá-los no todo (p.384). Logo, articulá-la ao Estado também.

Ao olhar o Estado como legítimo vigilante da aspiração da sociedade, bem ao ponto da legitimidade essencial que esteve presente nos ideais do socialismo, haveria sim de ir ao encontro à coerência por semelhança ideológica.

Mas a história demonstrou que as materializações dos ideais socialistas ficaram apenas no plano teórico, e se vislumbrado essa idéia em um país como o Brasil o qual impera a corrupção e os interesses próprios empedernidos e cruéis, em detrimento do bem coletivo; se pensarmos a hermenêutica falaciosa da politicagem e o descaso da coisa pública, se observarmos a falcatrua, a falta de escrúpulos presentes nos Poderes brasileiros; a inércia política diante das necessidades urgentes, conclui-se que defender a autonomia dos sistemas de ensino, desde a escola do Ensino Fundamental até a Universidade, é um abrir de olhos para uma sociedade pretensamente democrática. Uma conquista que, de Lei e de direito, deve ser fiscalizada por toda a comunidade escolar, e não tragada por qualquer espécie de proposta.

Uma Lógica que Requer Atenção

(...) Em suma, deve-se fixar claramente as seguintes posições: a) Trata-se de construir um verdadeiro Sistema Nacional de Educação, isto é, um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação no país inteiro, com normas comuns válidas para todo o território nacional e com procedimentos também comuns visando assegurar educação com o mesmo padrão de qualidade a toda a população do país, (...).

Nesse ponto, consideremos o problema da diversidade cultural. O Brasil, devido sua extensão geográfica possui realidades que não são equivalentes entre todos os Estados da Federação. Para a União, cabe, a meu ver, a descentralização – caminho em parte, contrário à posição apresentada. Deve sim haver um único Sistema, mas com propósito de delegação de poderes e fiscalização. Uma sugestão é partir, nesse aspecto, dos particulares para o universal, isto é, partir das propostas de cada Estado da Federação em direção ao Sistema Único de Educação, o qual, por essência, deve assistir, subsidiar e convalidar cada sistema em proporção à realidade local. De outro modo, o governo via MEC, partirá de pressupostos apoiados em fórmulas prontas, incompatíveis ao multiculturalismo nacional.

Saviani é de notório saber ao apontar que a sociedade deveria vivenciar o Estado como sua, i.é, como algo seu. É em razão desse desinteresse social que vemos a todo o tempo a usurpação da coisa pública, uma vez que a sociedade não corrobora em termos de cuidados e fiscalização. Saviani trata através de uma exegese do texto, uma perspectiva de reformulação das metas para o próximo PNE, de modo a aglutinar todas as metas que sejam afins e, em determinados casos, excluir algumas.

Trabalhar com o real e possível é o caminho. Nessa linha, caberia aos Estados e Municípios encaminhar ao governo prioridades e demandas urgentes e, a partir daí, redimensionar os aspectos relevantes em educação e desenvolvimento do país, (sair definitivamente da perspectiva fordista) e concentrar esforços, agora sim,  em sistemas de educação, considerando que estes tem o poder de manter à elevar a nossa economia, a saber, poder de pro-jetar o Brasil em linhas de pesquisas e capacitar o país para o oferecimento de serviços tão desejosos para uma economia forte, especialmente o Brasil, que de muitas décadas é carente de qualificação de excelência, o que coloca em risco setores comprometedores e importantes para o crescimento econômico.

Sintetizando os problemas, argüimos que há a necessidade de que seja construído um novo PNE para o Brasil, regado às demandas do mundo contemporâneo, que é a formação integral da pessoa humana nos seus aspectos políticos, econômicos sociais e filosóficos, permeado aos princípios da ética e da moral. Só assim, construir-se-á uma via dupla onde prevaleçam os deveres sociais e contemplará concomitantemente a preparação da nação para reivindicar dos governos a palavra atualmente esquecida e que gosto de relembrá-la a cada oportunidade: a res-pública.

Reservo-me a comentar o autor, o qual é fidedigno enquanto articulista e pensador da educação brasileira, mas entendo também a livre expressão do pensamento como produto da construção humana, daí o texto. Entendo ainda, que a dialética confere a esperança de que juntos encontremos caminhos que avancem rumo a um país autônomo, forte e soberano no que tange à sua economia, sua educação e o bem-estar da sociedade, ainda que a dialética esteja passível a equivocidades e enganos pelo caminho.

Pensemos juntos!  

Cordiais Saudações,
 


Wilson Barbosa

Especialista em Tecnologias Educacionais;

Filósofo Clínico;

Técnico em Ass. Educacionais do

IFTO – Instituto Federal do Tocantins,

Campus Porto Nacional





 
[1] Nota: os comentários, análise das idéias do autor e opiniões particulares desse artigo tiveram como fonte o texto disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v15n44/v15n44a13.pdf

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