PARA NÃO
ENCERRAR: PERSISTINDO NO TEMA EAD
Leitores assíduos
conhecem a insistência a qual empenho na necessidade de
replanejamento de alguns aspectos próprios para o ensino a
distância. Entre eles os cuidados necessários ao relacionamento com
o aluno virtual que, em via de regra, possui pouca experiência com
as tecnologias eivadas de projetos educativos modernos.
Para afirmar a
consolidação da empatia em um contexto pedagógico, faço
referência parafraseada à ideia de Philippe Perrenoud (1999), o
qual defende que além da cognição, são exigidos do aluno
recursos emocionais, para lidar com competências basilares a fim de
se desenvolver no mundo moderno. Nesse caso, alonga-se o
raciocínio para levar o conceito de competências também para o uso das
tecnologias no contexto de aprendizagem educacional.
Ao falar da
importância da empatia no ambiente virtual, vale ressaltar que se
trata também de administrar as próprias emoções, portanto, o
conceito é amplo, pois a esfera que abrange o estudo das emoções
na relação EAD (educação à distância) remete imediatamente ao modo
como a pessoa-aluno administra em si e para si, o equilíbrio
emocional. A saber, várias são as causas que impelem ou não à que
a pessoa construa o equilíbrio emocional no bojo do processo de
ensino x aprendizagem. Algumas delas:
- pressão do tempo para a entrega de tarefas;
- ansiedade por aprovação;
- capacidade de se relacionar com o grupo (mesmo em situação de grupos virtuais);
- temperamento genuíno da pessoa, outros.
Ressalta-se,
entretanto,
a
eficácia da educação à distância a qual conta com inúmeros
recursos com os quais o professor pode e deve aproveitar
para amenizar riscos de descontrole emocional do aluno da EAD,
inclusive, no momento da avaliação, pois, para o ato de
avaliar, exercitar as várias possibilidades de se criar
atividades avaliativas oferecidas pelos recursos tecnológicos,
ampliam as oportunidades do aluno em se expressar, abrindo possibilidade para o papel da
avaliação
diagnóstica,
elemento importante dentro
da discussão de avaliação.
Saber ensinar no
sentido exato do termo, implica em o professor saber escolher os
melhores recursos de acordo com a situação. Nesse ínterim, implica
também saber utilizar o método dialético para implantar a
interseção. Não adianta o professor dominar o conteúdo, os
recursos do ambiente colaborativo de aprendizagem, se não ter a
habilidade de comunicar com o seu aluno usando os recursos
audiovisuais que estão a sua disposição. Por outro lado,
percebe-se que esses recursos são propagados e difundidos diuturnos nos meios de
comunicação de massa, especialmente pela televisão, confirmando
naturalmente a necessidade urgente de inseri-los na educação
formal, mesmo em aulas presenciais, uma vez sendo realidade na sociedade como um todo. Um exemplo tácito é o professor
que conta apenas com quadro e giz para ensinar biologia, quando um
simples programa da TV aberta mostra em minutos, os segredos do corpo
humano de forma tridimencionada, algo impossível e inimaginável àquele que
conta somente com a tecnologia do giz e do quadro.
Tratar
do caráter psicológico
na educação a distância implica em abrir uma nova discussão,
refletindo o quanto a presença
de emoções saudáveis
em sala de aula virtual
podem colaborar para o
crescimento do aluno. É preciso, portanto,
pesquisar os melhores métodos interacionais que se adequem
a essa perspectiva de tecnologia a serviço da educação a
qual defendo. O método
dialético, por exemplo,
por abranger elementos da
analítica da linguagem,
capazes de variações maiores, pode adaptar-se a vários dos
recursos de comunicação presentes nos moldes das TICs (Tecnologias
da Informação e Comunicação). A
perspectiva de que a dialética abrange elementos da analítica não
é sustentada em Aristóteles, a quem se deve a oposição entre
ambas, mas encontra acolhida na junção de outros autores.
Em
outro artigo coloquei e repito: cada vez
mais o aspecto humano tem sobressaído ao aspecto da técnica e da
forma. No alvorecer desse milênio, estudos das psicologias em
geral, vêm despertando para a necessidade de valorização da saúde
psíquica das pessoas, entendendo, inclusive, que quanto mais houver
atenção aos aspectos emocionais, maior será o sucesso no
empreendimento proposto. Essa tem sido quase regra nas corporações
que buscam otimizar o processo de produção e desenvolvimento junto
a seus colaboradores.
Com a expansão da
educação pública brasileira onde deve ter como berço a
valorização da pessoa humana, foram implantadas pedagogias que
pretendiam atender os interesses da industrialização, mas com o
advento da globalização, o foco passa a ser na pessoa. Com isso,
re-criar espaços de convivência harmoniosos faz parte do processo
de busca por resultados satisfatórios, fenômeno que deve ser
refletivo pela escola brasileira. Não somos mais um país de pouca
influência na economia mundial, por isso torna-se muito importante
uma repaginada nos conceitos de formação dos nossos alunos. Com a
elevação do nível de escolaridade brasileira, é inadmissível que
os governos imponham arbitrariamente políticas públicas de educação
que não atendam a aspectos de cognição do aluno em toda sua
amplitude. Em face disso, as políticas de educação precisam
caminhar lado a lado com estudos que forjam um caráter de respeito
à singularidade da pessoa humana abrangendo seus aspectos físicos,
emocionais, sociais, filosóficos e políticos.
Com os recursos
tecnológicos em favor da educação, especialmente com a
popularização da internet, através da EAD, definitivamente os velhos paradigmas educacionais que
cerceavam a condição emancipatória na formação do indivíduo não
subsistirão. Com a educação à distância, rompe-se os muros da
escola e abrem-se fronteiras à experimentar pela primeira vez na
história da humanidade a possibilidade de contato em tempo real, com
as mais avançadas pesquisas e descobertas pedagógicas e científicas
de todo o mundo.
O caráter do
estudo da empatia no contexto educacional em plataformas virtuais,
faz parte desse cenário de pesquisas, cujas, no Brasil, autores
renomados, como Edgar Morim e Paulo Freire são referências próximas
e distantes, dependendo da ótica que forem lidos. A partir desses
autores e de pesquisas na área das Emoções, como os estudos e
trabalho do filósofo gaúcho Drº. Lúcio Packter, o qual remonta uma
leitura desde os pré-socráticos até nossos dias no intuito do
entendimento aproximado da Estrutura de Pensamento da pessoa, fornece
subsídio para também elaborarmos uma síntese dos pressupostos com
o fim de adaptá-los à prática educacional onde prevaleça a
alteridade como recurso de alcançar o indivíduo em seu estado de
alma. Para esse fim, independe se em educação presencial ou não.
Assim, proponho que
nos moldes da educação a distância seja possível estabelecer uma
relação próxima ao aluno, conhecendo seu modo próprio de
representar as coisas e o mundo, abrindo espaço intelectivamente
para o aprendizado, pois os dados epistemológicos que esse apresenta
no ato de aprender, ganham dimensões gigantescas, haja vista uma
proximidade afetiva entre o professor e o aluno. Não é regra
absoluta, mas bastante contundente.
A hipótese é que
em breve haverá larga literatura que tratem da mesma questão
ampliando significativamente os conhecimentos ínsitos a essa causa
levando invariavelmente a uma melhor qualidade da educação
brasileira, na modalidade da EAD.
E você, faz
leitura diferente sobre esse assunto?
Fique bem!
Wilson
Barbosa
Filósofo Clínico;
Especialista em Tecnologias na Educação
Técnico em Assuntos Educacionais do
IFTO - Inst. Federal do Tocantins,
Campus Porto Nacional
Filósofo Clínico;
Especialista em Tecnologias na Educação
Técnico em Assuntos Educacionais do
IFTO - Inst. Federal do Tocantins,
Campus Porto Nacional
Referências
FREIRE, Paulo.
Educação como Prática da Liberdade. 28a ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2005.
PACKTER, Lúcio.
Filosofia clínica propedêutica. Porto Alegre, RS: Ática, 1997.
PERRENOUD,
Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre:
ArtMed Editora, 1999.